VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Essa semana tivemos uma situação em que um homem de 32 anos foi preso após agredir fisicamente a mãe e quebrar móveis da casa no bairro Primeiro de Maio, em Umuarama. No último dia 21 um casal de filhos foi preso em flagrante por manter a mãe de 82 anos em cárcere privado e se apropriar da aposentadoria da mulher em Foz do Iguaçu.
Esses tristes retratos trouxeram a tona uma questão que muitas vezes passa desapercebido no dia a dia, que é a violência contra os idosos.
Dados do Disque 100, canal de denúncias do Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, apontam que em virtude da pandemia do coronavírus, houve um salto de março de 2020 para cá no número de casos denunciados.
No começo de março foram formalizadas 3 mil denúncias pelo canal nacional, em abril esse índice passou para 8 mil e, em maio, foi para quase 17 mil. As causas apontadas para essa elevação são: isolamento social e o convívio maior desses idosos com os familiares que estão em casa.
Segundo dados do Disque 100, as pessoas idosas são a segunda parcela da população mais vulnerável à violência, atrás apenas das crianças e adolescentes. As denúncias de violações contra esse grupo representam 30% do total recebido pelo Disque 100 em 2019. Foram contabilizados 48,5 mil registros referentes ao grupo.
Na maioria dos casos, a violência contra a pessoa idosa é praticada por alguém da família como filhos, netos, genros ou noras e sobrinhos. Esses parentes aparecem em 83% dos casos.
A mulher, de cor branca, com idade entre 76 e 80 anos e ensino fundamental incompleto é a principal vítima de violência. O suspeito é, predominantemente, a mulher, de cor branca, com idade entre 41 e 60 anos e nível fundamental incompleto.
A violação contra pessoas idosas que concentra o maior volume é a negligência, com 38 mil registros, quase 80% do total, seguida de violência psicológica (24%), abuso financeiro (20%), violência física (12%) e violência institucional (2%).
Atualmente na Capital da Amizade 85 idosos e seus familiares estão sendo acompanhados através do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) por situações de violência que se caracteriza não apenas com a agressão física, mas também com a psicológica, financeira e até mesmo a autonegligência. No mesmo período de 2019 o número de atendimentos era 40% a mais, com 119 idosos em monitoramento.
Segundo a presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso e Chefe de Divisão do CREAS/CRAM, Vanessa Luciane Nobre Pereira, todas as denúncias recebidas por diversos canais acabam junto ao CREAS, que fará o acompanhamento de cada caso através de visitas na residência, conversas com a família e em situações mais graves até mesmo o internamento desse idoso em um abrigo.
O CREAS tem uma equipe e toda uma rede de acolhimento para acompanhar o caso, através de psicóloga, assistente social e assessoria jurídica. “Não importa o canal em que a denúncia é realizada, seja pelo Conselho do Idoso, pela Guarda Municipal, Polícia Militar, ela sempre vai chegar até o CREAS que vai fazer o acompanhamento de cada caso”, explicou Vanessa.