Cotidiano

CRUZEIRO DO OESTE

Polícia diz que vai indiciar pais de recém-nascido por tentativa de homicídio

08/02/2023 19H56

Jornal Ilustrado - Polícia diz que vai indiciar pais de recém-nascido por tentativa de homicídio
A delegada da Polícia Civil de Cruzeiro do Oeste, Karoline Bischoff

Os pais do recém-nascido de apenas 18 dias de vida, que foi severamente agredido fisicamente, serão indiciados por tentativa de homicídio com dolo eventual, segundo informou ontem a delegada da Polícia Civil de Cruzeiro do Oeste e responsável pelo caso, Karoline Bischoff.

O casal está preso preventivamente desde a noite de terça-feira (7) por suspeita de ser autor do crime, apesar de negar qualquer envolvimento. Já a criança continua internada em estado gravíssimo no Hospital Cemil, em Umuarama.

“Apesar de acreditar que eles não tiveram a intenção de matar a criança, não se importaram com o possível resultado, por isso o indiciamento por tentativa de homicídio com dolo eventual”, explicou a delegada. Ela disse que até esta quinta-feira (9) irá relatar o inquérito e remeter para o Ministério Público, que decidirá se oferece ou não denúncia contra os suspeitos.

Lesões

Nesta quarta-feira a delegada ouviu as avós da vítima e também os médicos que atenderam a criança nos hospitais Municipal de Cruzeiro do Oeste e Cemil, de Umuarama.

Os profissionais de saúde confirmaram em depoimento que as lesões encontradas no corpo do bebê não seriam compatíveis com as versões apresentadas pelos pais, que alegaram que os ferimentos são sequelas de um parto normal difícil e/ou de eventual ferimento em decorrência do menino dormir com os pais na mesma cama e eles terem rolado por cima da criança durante o sono.

Saúde crítica

Segundo a delegada Karoline Bischoff, o médico pediatra que atende a vítima no momento, relatou que exames feitos posteriormente comprovaram que além das lesões inicialmente identificadas o bebê ainda possui diversas fraturas pelo corpo e traumas grandes em órgãos como fígado e baço e também estaria com a função renal comprometida.

“A vítima permanece intubada, sedada, com uma dose alta de sedativos, mas que mesmo assim, por causa das fraturas, eles não conseguem acabar com as dores por serem muito agudas”, relatou a delegada.

Outra informação trazida ao inquérito nestes depoimentos é que, se o socorro ao bebê tivesse sido realizado logo após as agressões, o quadro clínico da criança poderia ser outro. Segundo o apurado até o momento nas investigações, os pais levaram ao menos 2 horas após a criança apresentar os ferimentos, para buscar socorro médico.

As avós

De acordo com a delegada, as avós da vítima estão desesperadas e não têm quaisquer envolvimentos com as agressões. “Elas cuidavam do bebê e do outro filho do casal e tenho certeza de que nenhuma tem qualquer envolvimento com o ocorrido”, explicou Karoline Bischoff. Os suspeitos têm um filho de 2 anos que está aos cuidados da bisavó, em Alto Piquiri.

Em depoimento a avó paterna contou que o casal e o bebê moram com ela, mas que na semana passada a mulher e a filha viajaram para tratamento de saúde, tendo retornado apenas nesta quarta-feira para Cruzeiro do Oeste. Já a avó materna contou que no sábado (4) esteve na residência e chegou a dar banho na criança, que não apresentava qualquer ferimento.

Drogas

Segundo a delegada, as investigações apontaram que os pais do bebê, um homem de 23 anos e a mulher de 22, são usuários de drogas. A tese ganhou força durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. No quarto do casal foram encontradas porções de maconha e cocaína, além de uma série de bitucas de cigarros jogadas pela janela, indicando que o consumo ocorria neste ambiente. O local também estaria todo revirado. Perito criminal coletou amostras de sangue, que serão comparadas com o da vítima.