Frei Clemente Vendramim
Não há nada de absurdo ou de fantástico ter 100 anos e trabalhar diariamente. Esta é a opinião de Frei Clemente Vendramim, que desde 2020 carrega o título de religioso mais velho do Brasil ainda em atividade. A simplicidade com que resume e desmistifica a vida, inclusive, é uma de suas marcas, que ele deixou claro durante entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira (9), convocada pela Igreja Matriz São Francisco de Assis em homenagem ao centenário do frei no próximo dia 16.
Ele fez questão de iniciar o evento dizendo que não percebeu que chegou aos 100 anos, porque nunca parou de trabalhar, de estudar, de viver um dia de cada vez, sem pensar em o que vai acontecer amanhã. “É claro que hoje em dia eu não trabalho tanto quanto trabalhava há 30, 40 anos, mas não deixo de atender às determinações de meu pároco e às necessidades da Igreja. Eu não estou cansado, eu faço tudo com alegria, eu adoro poder rezar missas e ouvir as confissões dos fiéis”, afirmou.
O frei garantiu que espera trabalhar ainda por muito mais tempo. “Peço a misericórdia de Deus que não me deixe cair entrevado em uma cama, sem poder trabalhar, sem poder cuidar de minhas tarefas pessoais. Gostaria de ter a misericórdia de ser recolhido quando estivesse dormindo, por exemplo. Mas, vejam bem, que isso não seja tão breve, porque eu acredito que tenho ainda muito o que fazer por meus caríssimos e amados irmãs que precisam de uma palavra de conforto, uma bênção, uma instrução sobre o amor de Deus”, frisou.
Historicamente, em sua trajetória religiosa, Frei Clemente sempre lutou pela formação e maior participação das crianças na Igreja – foi ele, por exemplo, o idealizador e coordenador do Coral Pequenos Cantores de São Francisco, popularmente chamado de ‘Coralzinho da Matriz’, além do novo Coral Canarinhos de Jesus. O conselho que ele dá aos pais é que levem seus filhos à igreja.
“Quer ter um pomar? Plante uma pequena semente. Pais que levam seus filhos à igreja, que participam junto, que rezam junto, que falam de Deus para seus filhos, seguramente estão no caminho de criar seres humanos melhores”, ressaltou.
O maior desafio da Igreja Católica, segundo Frei Clemente, é fazer com que os católicos ‘perdidos’ voltem a participar. “Há muita gente batizada e que está por aí. A obrigação dos religiosos, freis e padres, é ouvir e não fazer perguntas acusadoras como ‘por que você abandonou? O que te levou a se afastar? Esse tipo de coisa. É preciso acolher, trazer de volta para casa”, indicou.
Festa de aniversário
A Paróquia São Francisco de Assis tem uma programação especial para comemorar os 100 anos do religioso, que pertence à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Haverá um tríduo com o tema ‘Vocação, Graça e Missão’ no dia 20, além de missa de ação de graças nos dias 17, 18 e 19. No dia 20 (domingo) também haverá o tradicional almoço de comemoração de seu aniversário, que será por adesão e tem convites limitados, vendidos somente na secretaria paroquial.
