Dr. Eliseu Auth

22/03/2022

O que o mundo espera

22/03/2022 04H27

Jornal Ilustrado - O que o mundo espera

Eliseu Auth

Claro que o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” está preocupado com a guerra da Ucrânia. Aliás, não é nem uma guerra. É uma agressão pura e simples da Rússia e seu ditador Putin. Vamos à história. Em 1991, época em que a URSS, de regime autoritário foi se desintegrando, a Ucrânia se tornou independente. Seu povo libertou-se dos grilhões da ditadura soviética, e se fez uma nação soberana. A liberdade não é uma aspiração natural só do ser humano. Também é dos animais que dizemos irracionais. Eles adoram a liberdade, assim como nós. Isso é fácil de constatar e nem precisa demonstração científica. É só observar a alegria de um bicho quando é solto. Ele corre, pula, saracoteia e dá cambalhotas no ar, comemorando a liberdade.

Pois é. Depois de se tornarem livres e independentes, os ucranianos quiseram garantir essa soberania e prevenir qualquer ameaça de invasão. Para tanto, fizeram um pacto e assinaram o “Memorando de Budapeste”, devolvendo à antiga União Soviética o arsenal de armas nucleares que herdara de Mocou. Hoje dá para avaliar que foi um gesto de inocência. Não previu que um ditador armado não obedece pactos e leis. A vítima acreditou no lobo mau e se pôs à mercê da fera que a invadiu, bombardeia e mata sua gente.

O mundo inteiro sofre as conseqüências. Não precisava disso. Há tanto a ser feito, refeito e corrigido neste pobre, sofrido e maltratado planeta. E lá vem esta guerra de um homem só, exigindo a submissão de um povo por uma identidade histórica que se desvaneceu na auto-determinação da Ucrânia.

A guerra dói em todos. E as sanções ao ditador Vladimir Putin, mesmo que necessárias, respingam no mundo inteiro, desorganizando a economia e as relações entre povos e nações. Agora, ainda que doa e pareça bondade com o agressor, é preciso sentar com ele e pactuar o fim da invasão, dos bombardeios e das mortes. A ONU que organize a mesa. É o que o mundo espera.

(Elisseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).