Eliseu Auth
Eliseu Auth
Para decepção do extremismo direitista e de seus superficiais bajuladores, nem todas as instituições foram aparelhadas e cooptadas pelo governo Bolsonaro. Não deu tempo e os nazi-fascistas desconheciam que o sentimento democrático e o bom senso ainda prevalecem entre nós. A desordem queria o golpe e contava com a contaminação política das nossas Forças Armadas. Não adiantou fazer acampamentos diante de Quartéis e Tiros de Guerra, pedindo a intervenção militar para derrubar um governo legitimamente eleito.
Somos uma nação democrática por definição constitucional. Assim sendo, só temos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Forças Armadas não são poder. Obedecem aos poderes do Estado a quem devem servir, cumprindo suas atribuições que estão na Constituição. Ponto. Assim, cabe-lhe respeitar o regime democrático que a Carta Magna adota no Brasil. Mas, os golpistas queriam porque queriam pisotear a Democracia. Não deu.
Pois é. Na cerimônia do dia do Exército, o Comandante das Forças Armadas, General Tomás Ribeiro Bastos deu aula de maturidade cívica e recolocou a instituição no seu devido lugar. Reconheceu que ela é apartidária, instituição de Estado que respeita a Constituição e enfatizou que toda a tropa deve amar a Democracia. É assim que sempre deveria ter sido. O exército de Caxias e Osório voltou e não mais é posto a serviço do chefe e acima da lei.
Se Caxias foi grande e é patrono do Exército, o General Osório engrandeceu as Forças Armadas como poucos. Lembro dele com o carinho especial de quem foi aluno de um bisneto seu. Refiro-me a Mário Osório Marques, o Frei Matias. Esse sábio capuchinho foi meu professor de sociologia na graduação em Santo Ângelo – RS. Não sei se ainda vive, mas suas lições de pura sabedoria vivem em mim. Em homenagem ao mestre, fui à biografia do seu bisavô Manuel Luiz Osório, o General Osório. Constatei que foi um militar intrépido, destemido e de alma grande. Era um libertário que participou de muitas frentes de luta pela Pátria. Aqui dentro, no Prata e na guerra do Paraguai. Aos soldados pedia grandeza. Dizia que “o inimigo vencido e o paraguaio desarmado devem ser sagrados para um exército de homens de honra e de coração”. Foi-se o tempo em que boa parte das forças armadas eram políticas. Seja benvindo o Exército de Caxias e Osório.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).