Superação
A perseverança e a dedicação sempre foram qualidades cultivadas pelo estudante Douglas Henrique Custódio Holtz, de 19 anos, morador de Brasilândia do Sul. Ele foi aprovado este ano em 1º lugar pelo ProUni no curso de Medicina da Universidade Paranaense (Unipar).
Mas para chegar até esse momento, viveu muita coisa, inclusive lidar com a decepção de nota zero na redação do primeiro concurso do Enem que realizou e que levou a anulação de toda a sua prova. Contudo Holtz não desistiu, deu a volta por cima e no ano seguinte, após uma rotina de trabalho e estudo longo, alcançou 920 pontos na redação e média geral de 731 pontos, o que lhe garantiu a passagem para o curso dos seus sonhos. Agora, está de malas prontas para desembarcar em Umuarama.
“Foi horrível. Tudo foi simplesmente anulado. Foi um pesadelo”, salientou. Mas do fracasso, ele tirou uma lição: a necessidade de estudar mais e focar. Ele estudava em casa e assistia a aulas no YouTube e com essa rotina ao refazer a prova do Enem a realidade foi outra. “Confesso que no primeiro momento achei que a nota não era minha. Atualizei a página com todas as informações e era minha mesma. Eu vi que eu tinha chance”, afirmou.
A partir desse momento houve uma nova rotina, acompanhar diariamente, sempre a meia-noite, no site a sua colocação pelo ProUni. “Na primeira vez em que vi que estava em primeiro, fiquei muito feliz. No dia seguinte, vi de novo e falei: a vaga é minha”, disse Dougla Holtz.
De família de origem humilde e aluno da rede pública de ensino, Douglas Henrique aprendeu ainda cedo a diferença que um bom médico pode fazer na vida de uma pessoa. Quando ele tinha 9 anos, sua mãe teve sérios problemas de saúde, o que a levou perder audição total em um ouvido e a manter apenas 30% no outro, paralisia em um dos braços e ainda a luta contra um câncer, curado recentemente.
Ali o sonho de ser astrônomo começou a ser trocado pelo de ser médico e quando o próprio Douglas Henrique teve um problema sério de saúde, o sonho foi convertido em determinação. Mesmo a dificuldade financeira não foi motivo para esmorecer.
A única renda dele, da mãe e da avó vem no momento da aposentadoria e da pensão recebidas pela avó. O câncer da mãe está curado, mas ela ainda não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho. “Eu ajudava com os R$ 600 que ganhava como estagiário em uma escola. Agora, ficou mais difícil, pois meu curso é integral”, contou. Mas ele acredita que vai superar os obstáculos e chegar lá.
Douglas Henrique cursou Magistério no segundo grau, em Assis Chateaubriand, cerca de 20 km de Brasilândia do Sul. Lá fez amigos e conheceu a namorada e o curso permitiu conseguir o primeiro emprego. Em 2021, quando terminou o segundo grau, tentou vestibular de medicina pela Universidade Federal do Paraná, em Toledo, mas eram três vagas e ele ficou em quarto lugar.
Com dificuldades financeiras, mas como sempre contando com a força de vontade, Douglas agora entra em uma nova etapa no seu sonho rumo a conclusão do curso de Medicina. Ele precisa arrumar forma de sustentar sua estádia em Umuarama, onde vai realizar o curso.
