Umuarama

CIÊNCIA

Clínica de Umuarama realiza primeiro tratamento de células-tronco em pets

13/03/2023 08H26

Jornal Ilustrado - Clínica de Umuarama realiza primeiro tratamento de células-tronco em pets

Assim como nos humanos, as células-tronco também estão sendo usadas para auxiliar no tratamento de pets. Em Umuarama foi realizada a primeira aplicação desse tratamento celular em um gato. O felino chamado de Kyoto apresentou problemas renais e agora a expectativa é que o animal tenha redução na progressão da doença e melhora clínica.

O tratamento está sendo realizado pelos médicos veterinários Thays Mizuki, Thiago De Oliveira Zamprogna e Juliana Amarante da Clinipet, os quais estão trazendo as células-tronco mesenquimais (CTMs) de São Paulo. Conforme Thays, as CTMs são células progenitoras e encontradas em todos os tecidos adultos. “As células têm grande capacidade de multiplicação, diferenciação e são as responsáveis pelo processo de cicatrização e reposição dos tecidos de origem mesodermal, como por exemplo a pele, ossos, cartilagem, tendões e ligamentos”, explicou.

Para o tratamento, as células-tronco são cultivadas e mantidas em laboratório específico e na medicina veterinária as principais fontes para obtenção das CTMs são o tecido adiposo (gordura) e a medula óssea. “O efeito terapêutico das CTMs são bem descritos na literatura, tanto na medicina veterinária como na medicina humana. Tais efeitos são divididos em três princípios de ação: regeneração tecidual, imunomodulação, efeito anti-inflamatório e efeito parácrino.”, apontou Zamprogna.

CASO KYOTO

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No caso específico do gato Kyoto, de 14 anos, ele apresenta doença renal crônica (DRC) estágio 1 e a terapia com células-tronco foi escolhida por ser uma opção livre de efeitos colaterais. Segundo os veterinários entrevistados, o tratamento auxília na prevenção da fibrose renal. “Os resultados observados com o tratamento são: a melhora na disposição do paciente, redução no uso de medicamentos crônicos e redução da progressão da doença. Isso também promove melhora na qualidade de vida ao animal. A DRC é a doença que mais leva os gatos domésticos a óbito, portanto, é de grande importância esta tecnologia que beneficia a qualidade de vida deles”, noticiou Thays.

Confira a entrevista com os veterinários

Umuarama Ilustrado – Posso usar células de cachorro em gato e vice-versa?

Veterinários – “Não. Para cada espécie animal há CTMs originadas desta espécie. Neste caso foram utilizadas células de tecido adiposo de gato”.

Umuarama Ilustrado – Como são as células, como se aplica no animal doente?

Veterinários – “A apresentação das células é em frascos contendo 8 a 10 milhões de células-tronco mesenquimais acondicionadas em 1 ml de suspensão. Este frasco vem pronto do laboratório para a aplicação. As células-tronco serão entregues refrigeradas. Existem algumas vias possíveis de aplicação, a via mais comum é a endovenosa, mas também podem ser aplicadas no local lesão, feridas”.

Umuarama Ilustrado – Por que indicamos a aplicação de CTMs?

Veterinários – “Porque quando o animal está doente, possui alguma lesão ou é idoso, as suas células ficam sobrecarregadas e muitas vezes não conseguem realizar o processo de reparação de forma eficiente, levando ao aparecimento dos sinais que caracterizam a doença. Através da terapia celular, administramos células-tronco de ótima qualidade em uma quantidade muito elevada. Estas células irão ajudar o organismo do animal a responder àquela doença/ lesão diminuindo os sinais clínicos. Sendo assim, o uso de CTM é um tratamento natural, que estimula vias de reparações endógenas, aumentando a eficiência e a capacidade de resposta do organismo.

Umuarama Ilustrado – Quais os benefícios da aplicação de CTMs?

Veterinários – “Os benefícios são diversos, mas a terapia não exclui de imediato o tratamento convencional. Assim, a terapia com células-tronco deve ser utilizada como um tratamento coadjuvante ao tratamento convencional (alopático, homeopático, dietético, fisioterapêutico, cirúrgico, entre outros), uma vez que sua ação aumentará a taxa de sucesso e eficiência desses tratamentos. Seu uso, via de regra, leva a diminuição e até eliminação do uso de medicamentos de forma crônica”.

Umuarama Ilustrado – Quantas doses são necessárias?

Veterinários – “Depende da doença que o animal está acometido, mas pode variar de 2 a 6 aplicações com 20 a 30 dias de intervalo entre as doses”.