Umuarama

Saúde

Ano epidemiológico termina com recorde de 6,3 mil casos de dengue na cidade

28/07/2020 09H21

Jornal Ilustrado - Ano epidemiológico termina com recorde de 6,3 mil casos de dengue na cidade

A Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde encerrou no último sábado, 25, o ano epidemiológico iniciado em 28 de julho de 2019 para o acompanhamento da dengue em Umuarama com 6.375 casos confirmados da doença no período de 12 meses, encerrado na última semana, além de uma morte. Agora a contagem recomeça do zero, tanto para casos quanto para notificações.

Somados, os 21 municípios da 12ª Regional de Saúde tinham até a semana anterior – de acordo com boletim da Secretaria de Estado da Saúde – 17.976 casos positivos e oito óbitos. A dengue teve evolução atípica neste período em quase todas as cidades das regiões Norte e Noroeste do Estado, registrando números recordes de incidência. Londrina tinha, até a última semana, 20,5 mil casos e 29 óbitos por dengue, enquanto Maringá apresentava 11.274 casos e 12 mortes.

Paranavaí deve fechar o ano epidemiológico com mais de 7,5 mil casos de dengue e cinco óbitos enquanto Cianorte registra cerca de 4,5 mil casos e três mortes. No Noroeste, apenas Campo Mourão ficou em situação confortável, com 1.170 casos e nenhuma morte. Em todo o Paraná, até o início da última semana, o total era de 228 mil casos de dengue e 177 mortes causadas pela doença.

O alto número de notificações em Umuarama – 11.560 pessoas tiveram suspeita de dengue em 12 meses – poderia configurar um quadro ainda mais grave da doença, não fossem as diversas ações realizadas pelo município para combater o mosquito transmissor (o Aedes aegypti) com uma grande equipe de servidores municipais, veículos, máquinas e também o trabalho voluntário de servidores comissionados, entidades parcerias e da população em geral.

O último Levantamento de Índice Rápido para Infestação do Aedes aegypti (Liraa) apontou controle sobre a infestação predial por larvas do mosquito, que reduziu de 2,1% (em janeiro) para 0,7% em junho e colocou Umuarama dentro do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com o grande número de casos a partir do início de 2020, a Secretaria de Saúde estruturou um ambulatório para o atendimento de pacientes suspeitos, com equipamentos e uma equipe de profissionais treinada. Com isso, pessoas que sentiam os sintomas da doença passaram a procurar o ambulatório em busca de diagnóstico e tratamento.

“Talvez por isso tenhamos atingido números tão expressivos de notificações e mais próximos da realidade, pois aparentemente mais pessoas procuraram a saúde pública para realizar exames e acabamos identificando mais casos. Infelizmente uma pessoa morreu de dengue, mas a quase totalidade conseguiu se recuperar da doença”, avaliou a secretária municipal de Saúde, Cecília Cividini.

Desde o início do ano a Secretaria da Saúde e a Vigilância Ambiental têm ampliado as ações de fiscalização e vistorias em imóveis. Foram contratados 40 novos agentes de combate a endemias que trabalham inclusive aos sábados, reduzindo o intervalo entre as vistorias nos imóveis e também o número de visitas ‘perdidas’ (quando o morador não é encontrado), explica a diretora de Vigilância em Saúde, Maristela de Azevedo Ribeiro.

Além das visitas aos imóveis, o combate à dengue foi reforçado com o trabalho voluntário de servidores de várias secretarias, especialmente os comissionados da Secretaria de Esporte e Lazer (Smel), atiradores do Tiro de Guerra 05.012, diretores e jogadores da Associação de Futsal de Umuarama (Afsu), entre outros parceiros. “Os voluntários têm prestado um grande apoio com a eliminação de criadouros do mosquito nas ruas, avenidas, praças e outros logradouros”, agradeceu Carlos Roberto da Silva, coordenador da Vigilância Ambiental. O trabalho dos colaboradores resultou em grandes volumes de lixo, recicláveis e outros resíduos recolhidos das ruas e encaminhados ao aterro sanitário municipal.

BAIRRO SAUDÁVEL

Logo no início do ano, a Prefeitura lançou mais uma edição do Programa Bairro Saudável, que percorreu todos os bairros da cidade e recolheu um volume recorde de resíduos, móveis velhos, eletrodoméstico e outros materiais com potencial de acumular água e favorecer a reprodução do mosquito da dengue. Foram 1.422 toneladas retiradas dos quintais e transportadas ao aterro sanitário, para a destinação adequada.

O prefeito Celso Pozzobom disse que a evolução da dengue foi surpreendente neste ano, apesar de todos os esforços do poder público. “Faltou um pouco mais de conscientização da população, porque a maioria dos focos é encontrada nos quintais. Tivemos grande volume de casos em todo o Noroeste, com índices maiores que os nossos em cidades de menor porte”, disse.

“Não podemos baixar a guarda. Um novo ano epidemiológico se inicia e temos que manter os quintais livres de criadouros, sem água parada e com a atenção redobrada para que o alto índice de casos positivos deste ano não se repita mais”, recomendou o prefeito.

A dengue é uma doença bem conhecida da população, continua Pozzobom. “Todo mundo sabe o que é preciso para prevenir. Basta eliminar os recipientes que acumulam água e acabar com os criadouros do mosquito, que ficam nas nossas casas e quintais. Mas não basta saber, tem que fazer”, apontou. “Infelizmente ainda falta consciência a uma boa parte da população”, finalizou o prefeito.