Agronegócio
Investimento em tecnologia de pastagem e genética faz parte da fórmula dos pecuaristas de Alto Paraíso, para levar o município ao primeiro lugar no Paraná em produção de bovinos para abate. O município de 2.799 habitantes lidera o ranking estadual com 43.951 cabeças abatidas em 2017.
Os números não param por aí, conforme dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seabe), o município também é o que apresenta maior rotatividade de abate em toda região, com bovinos deixando o pasto com média de 3 anos.
Para o prefeito Dercio Jardim Junior, os resultados apresentados em Alto Paraíso deve ser aplaudido. “É uma honra ter essa parceria com os pecuaristas, pois o mérito é todo deles. Essa pujança na pecuária do município é uma tradição da nossa região e promove desenvolvimento”, ressaltou.
Ainda em 2017, Alto Paraíso ficou entre os 10 municípios do Paraná em relação a vacinação da febre aftosa, com mais de 100 mil cabeças de gado vacinadas, ressaltou o assistente administrativo da prefeitura de Alto Paraíso, Gelleard Americo Dala Bernadina.
Entre os produtores de Alto Paraíso, os pecuaristas Mario Aluizio Zafaneli e Elton Zafaneli Silveira receberam a reportagem do Umuarama Ilustrado e falaram do amor pela produção de gado. Segundo Elton, o setor vem evoluindo ao longo dos anos e hoje o investimento em genética Angus, trabalho iniciado no fim dos anos 90 com apoio da administração municipal, além da melhoria de pastagem, ajudaram a intensificar o sistema de produção.
“Com esses investimentos reduzimos nosso ciclo de produção em quase dois anos, o que vem incrementando a economia da propriedade e também melhorando a qualidade da carne”, ressaltou o pecuarista.
Nascido na pecuária, Mário Zafanelli reforça a fala de Elton e ressalta a necessidade de investir no ciclo lavoura/pecuária. “Com essa integração podemos levamos mais comida para o gado e com isso mais cabeças por hectare. Além disso, o diferencial genético proporciona um gado mais rápido e de melhor qualidade, para um mercado específico e exigente”, noticiou.
Hoje os produtores estão abatendo o boi com entre 24 meses e vacas com 18 meses. “O desafio da pecuária no cenário brasileiro é o crescimento vertical, sempre buscar produtividade por área”, explicou Silveira.
O agrônomo do Departamento de Economia Rural de Umuarama (Deral), Antônio Carlos Fávaro, ressalta que a região possui um corredor de produção de bovinos, uma vez que, seguindo Alto Paraíso em número de abates vem Umuarama e em quinto lugar está Icaraíma. “Principalmente o município de Alto Paraíso proporciona essas condições, pois possui grandes propriedades e desta forma, oferece maior oportunidade de pastagem. Desses dados, vemos o potencial da região para a produção de bovino”, explicou.
Fávaro demostra por números a potencialidade da região. Segundo ele, os núcleos de Paranavaí e Umuarama contam com 1,5 milhão de hectares em pastagem e se existisse investimento em qualidade de alimento para o gado, as regiões poderiam produzir 6 milhões de cabeça de gado. “Seria mais renda na propriedade, mais emprego e até buscar o mercado internacional, oferecendo uma carne e cortes diferenciados”, argumentou.
Alimento, clima e topografia são condições encontradas na região e precisam ser trabalhadas para gerar renda para o pecuarista, enfatizou o agrônomo do Deral. “A taxa de desfrute de Alto Paraíso é muito boa 37%, já Umuarama cai para 28% e esse não é um bom número. O pecuarista não pode abater um boi com 4,5 anos é muito tempo e acaba inviabilizando a produção. Para reduzir isso é preciso investir em comida e na genética”, finalizou.
Ainda segundo o prefeito Dercio e Gelleard (centro foto), o município de Alto Paraíso continuará seguido no topo da lista do ranking por alguns anos. “Temos bons parceiros neste setor, como o grupo Astra que decidiu investir ainda mais no município o que vai garantir aumento no número do rebanho para abate”, informou o prefeito.
Para Gelleard, a administração sempre busca proporcionar incentivos aos produtores rurais, uma vez que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de Alto Paraíso está voltado para agricultura. “Por isso estamos sempre em busca de qualificação para levar auxilio aos produtores rurais”, exclamou.
Para os pecuaristas de Alto Paraíso, além dos investimentos em tecnologia e mão de obra o município tem algo a mais, o que proporciona uma carne única para todo o Brasil. “Não é atoa que esses números existem, desde criança escutei que aqui (Alto Paraíso) é mais fácil produtor engordar o gado. Não é só pela topográfia ou clima, sabemos que aqui o boi tem uma qualidade única com uma carne diferenciada, apreciada em todo Brasil”, lembrou Elton Zafanelli.