TRIPLO HOMICÍDIO
O júri popular do acusado de um triplo homicídio, ocorrido em Umuarama (PR), tem início nesta quinta-feira (29), conforme informações do Tribunal de Justiça. Jean Michel de Souza Barros, preso preventivamente no Complexo Médico Penal do Paraná (CMPP) em Pinhais desde a época do crime, enfrentará o julgamento pela morte da esposa e dos sogros, em agosto de 2021.
O réu é acusado de ter assassinado sua esposa, Jaqueline Soares dos Santos, e seus sogros, Antonio Soares dos Santos e Helena Maria Marra dos Santos, com golpes de faca. Segundo a acusação do Ministério Público, os crimes ocorreram na residência das vítimas, localizada na Avenida São Paulo, na Zona II, bairro de alto padrão em Umuarama.
Giovanni Moro, advogado de defesa do réu, expressou confiança na absolvição de seu cliente, alegando que os elementos inicialmente colhidos pela investigação se mostraram inverídicos. A defesa argumenta que Jean Michel é inocente e que a tese a ser apresentada no julgamento é baseada na realidade dos fatos.
De acordo com informações divulgadas, o julgamento está previsto para durar três dias, com expectativa de que diversos aspectos do caso sejam examinados minuciosamente. Segundo a defesa, por determinação judicial, Jean Michel participará presencialmente do julgamento.
O CASO
Conforme o apurado pelo Ministério Público, Jean Michel era casado com Jaqueline Soares dos Santos há aproximadamente dois anos. No entanto, embora fossem casados, não residiam juntos há um ano, por receio de Jaqueline quanto aos comportamentos de Jean.
Segundo o MP, o sogro do réu era empresário e mantinha empreendimentos em algumas localidades dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, o que o tornava o provedor da família, tendo, inclusive, constituído uma empresa denominada ‘Linha e Carretel’, em Umuarama, que fez constar no Contrato Social do empreendimento como proprietários e sócios sua filha Jaqueline e o genro Jean Michel, com o intuito de estabilizar o casal e torná-los independentes financeiramente.
Conforme o MP, Antonio era rígido e controlador em relação aos negócios e auxiliava na condução da empresa do casal, o que deixava Jean Michel descontente, não aceitando seus conselhos, criando animosidade entre eles e desentendimentos comerciais, evidenciada pelo fato do denunciado frequentar a casa das vítimas somente na ausência de seu sogro.
O MP apurou que o relacionamento de Jean com Jaqueline, Antonio e Helena era conturbado, visto que a família tinha receio do comportamento do acusado, em razão de sua agressividade e mau temperamento, o que fez com que procurassem ajuda com psicóloga.
De acordo com o MP, o receio sobre o comportamento de Jean era tamanho que a vítima Antonio cogitou a contratação de detetive para investigar a vida do denunciado, e instalou um aplicativo de localização em seu celular, com o intuito de saber quando o acusado iria até sua residência durante sua ausência, visto que, certa ocasião, Jean teria maltratado sua sugra Helena e sua esposa Jaqueline, tendo, inclusive, danificado a porta da casa das vítimas. Em razão disso, Antonio expulsou o acusado de sua casa.
Na data do crime, dia 8 de agosto de 2021, uma tarde de domingo, o MP apurou que o suspeito, sob o pretexto de entregar um presente ao sogro, em razão da data comemorativa, foi até a residência das vítimas, quando então se aproximou do sogro, que se encontrava sentada na edícula da casa distraído, e desferiu um golpe de faca na região do pescoço da vítima.
Na sequência, conforme o MP, o denunciado, ao avistar a sogra na cozinha da residência, foi até ela e desferiu um golpe também na região do pescoço. O casal não resistiu ao ferimento e morreu no local.
Após matar os sogros, o MP apurou que o réu, se utilizando de uma escada localizada do lado externo da residência, ganhou acesso a parte superior do imóvel, onde estava sua esposa, ocasião em que, ao visualizar a vítima, ele, deferiu diversos golpes pelo corpo da companheira. Jaqueline também faleceu no local.
Depois de cometer os crimes, o MP relatou que o acusado deixou o local e foi para sua casa, no entanto, posteriormente, retornou, onde apanhou os aparelhos celulares das vítimas Antonio e Helena e, na tentativa de encobrir qualquer indício que o ligasse aos fatos, descartou os objetos em um bueiro localizado na Rua Florai cruzamento com a Avenida Governador Parigot de Souza.
O crime só veio à tona no dia seguinte, quando uma funcionária da residência encontrou os corpos e alertou as autoridades.
Durante as investigações, a polícia encontrou evidências incriminatórias na residência do acusado, incluindo suas vestimentas com vestígios de sangue, bem como sangue em seu veículo. Além disso, pegadas compatíveis com o calçado de Jean Michel foram encontradas no local do crime.