SETEMBRO AMARELO
Mais um suicídio foi registrado em Umuarama, na manhã de sábado (15). Os números são preocupantes e fica a pergunta, o que podemos fazer para ajudar? Um casal de Umuarama pode não ter a resposta, mas, dá o exemplo. Usando as redes sociais, Lucas e Keila procuram escutar e conversar com quem precisa de uma palavra amiga.
As redes sociais, muitas vezes utilizadas para agressões entre disputas políticas e para expor um estilo de vida, também podem ser usadas para salvar vidas. Os noivos Lucas Lopes Rino e Keila Cerozino estão usando a rede social Instagram para levar ajuda às pessoas, que estão com alguma agonia em suas vidas. A ideia surgiu, após Lucas ver uma campanha do site Teen Street Brasil e também pelas experiências psicológicas do casal.
Segundo Rino, ele já passou por momentos difíceis e viu em exemplos positivos de vida, dentro das redes sociais, um ponto de incentivo. “Aconteceu comigo, eu fiquei mal e em meio ao turbilhão de sentimentos busquei inspiração em outras pessoas, que eram exemplos de vida. Desta forma eu tinha uma motivação para melhorar hábitos”, disse.
Para Keila, por ter vivido situações relacionados a depressão e recebido ajuda de pessoas, ela decidiu ajudar também. “Algumas pessoas não conversam sobre o assunto, pois é um tabu, elas acham que serão vistas de uma forma diferente. Como alguém fraco, louco ou que só reclama. Quando estamos mal, pensamos que estamos sozinhos e não adianta ficar falando que vai sair dessa, ou que é frescura, pois neste estágio não temos essa compreensão e a situação pode piorar”, ressaltou.
Na campanha do casal, lançada nos stories do Instragram, pessoas responderam e pediram ajuda. Lucas Rino recebeu o retorno de duas pessoas, sendo um amigo que não tinha contado há dois anos. “Recebi um pedido de ajuda e marquei um almoço com a pessoa, conversamos e ela desabafou. Claro que não sou um psicólogo, mas falar e ter alguém para escutar talvez é algo que a pessoa precisa. Sempre falo para procurar um profissional”, contou.
Keila Cerozino também recebeu mensagem e segundo ela, de amigos que não se mostravam em situação de tristeza. “Eram pessoas próximas e não imaginávamos que estavam com alguma agonia, pois são sorridentes, de bem com a vida e ativas na sociedade. Mas no fundo, estavam precisando conversar. Muitas palavras você ouve como, estou cansado de viver ou quero fugir, talvez são pedidos de socorro e precisamos ficar atentos”, explicou.
O município de Umuarama e a região registraram, do dia 1 de janeiro até o dia 4 de setembro, 20 suicídios. O número é superior aos casos de homicídios, 10. Em um cenário mundial, o volume de pessoas que tiram suas vidas é maior se comparado as mortes pela AIDS, e neste cenário, que o assunto precisa de uma atenção redobra, argumentam os médicos e profissionais da área de saúde.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que quase 800 mil pessoas tiram a própria vida no mundo, a cada ano – o que representa uma pessoa a cada 40 segundos, com taxa de 10,7 mortes por 100 mil. O Brasil é o oitavo país das Américas em número de suicídios, prática que tem tido crescimento expressivo no mundo inteiro.
Conforme a secretária municipal de Saúde, Cecília Cividini, é importante lembrar: no mundo, o suicídio está entre as cinco maiores causas de morte de jovens de 15 a 19 anos, com maior tendência no sexo masculino (79%).
“Diante desse quadro, a OMS instituiu 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que pode ser evitado por ações preventivas na família, escola e meios de comunicação de forma coordenada. Hoje, 28 países são reconhecidos por ter estratégias nacionais de prevenção do suicídio”, completou a secretária.