Umuarama

“Não é frescura”

Suicídio tem mais registro de morte em relação aos homicídios

09/09/2018 06H00

Jornal Ilustrado - Suicídio tem mais registro de morte em relação aos homicídios

O município de Umuarama e a região registraram, até o dia 4 de setembro, 20 suicídios. O número é superior aos casos de homicídios, 10 até o fechamento da edição, conforme a Secretaria de Segurança. Em um cenário mundial, o volume de pessoas que tiram suas vidas é maior se comparado as mortes pela AIDS, e neste cenário, que o assunto precisa de uma atenção redobra, argumentam os médicos e profissionais da área de saúde.

O psiquiatra Guilherme Derenusson enfatiza a possibilidade de prevenção, pois de 10 falecimentos por suicídio, nove poderiam ser evitados. “Alguns estudos revelam que 90% das pessoas que cometeram suicídio apresentam algum transtorno mental. Destas, 80% passaram por atendimento médico na rede pública de saúde reclamando de dores no corpo, insônia, angustia e problemas físicos. Desta forma, é muito importante os profissionais da área de saúde ficarem atentos aos casos”, alertou.

No âmbito familiar, Derenusson ressalta a forma como estamos vivendo nos últimos anos, a agilidade do mundo e pessoas cada dia mais conectadas estão levando a solidão. “Precisamos prestar tenção nas pessoas ao nosso redor. Estamos tão voltados para o nosso dia a dia, na tentativa de sobreviver neste mundo de resultados rápidos e esquecemos de quem está ao redor. A campanha do Setembro Amarelo não previne o suicídio, mas a solidão. Estamos cada dia mais sozinhos, mesmo com várias pessoas ao redor, e precisamos nos conectar com quem está no nosso meio”, explicou.

O interior também sofre

Na condição de um mundo agitado e de cobrança, muitos podem pensar que o número de suicídios pode ser atrelado aos grandes centros, mas o psiquiatra Guilherme Derenusson revela que entre as cinco maiores cidades com índices de morte por suicídio estão duas do Rio Grande do Sul, com cerca de 40 mil habitantes. “O suicídio é a segunda maior causa de morte no mundo entre pessoas de 15 a 29 anos. Por isso precisamos ter uma política de prevenção forte como qualquer outra doença”, alertou.

Mundo

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que quase 800 mil pessoas tiram a própria vida no mundo, a cada ano – o que representa uma pessoa a cada 40 segundos, com taxa de 10,7 mortes por 100 mil. O Brasil é o oitavo país das Américas em número de suicídios, prática que tem tido crescimento expressivo no mundo inteiro.

Conforme a secretária municipal de Saúde, Cecília Cividini, é importante lembrar: no mundo, o suicídio está entre as cinco maiores causas de morte de jovens de 15 a 19 anos, com maior tendência no sexo masculino (79%). “Diante desse quadro, a OMS instituiu 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que pode ser evitado por ações preventivas na família, escola e meios de comunicação de forma coordenada. Hoje, 28 países são reconhecidos por ter estratégias nacionais de prevenção do suicídio”, completou a secretária.

O que eu posso fazer?

Quando ouvimos de um amigo ou parente frases que dão a entender que a morte é a solução para os problemas, como também atitudes relacionadas que atente com a vida, fique atento. Esse é o momento para agir e oferecer ajuda. Mesmo não sendo um profissional, podemos ajudar no primeiro momento com uma conversa amiga e alertando os familiares. Mostre-se aberto e interessado em ajudar, ouça, e evite termos como: “supera isso!” ou “é só frescura, logo passa”, pois quando uma pessoa está sentindo-se mal consigo mesma, a última coisa que ela precisa é desse tipo de apoio. Sempre indique um acompanhamento profissional com Psicólogos e ou Psiquiatras.