Umuarama
Fechando o mês de junho, período de maior discussão sobre as violências contra os idosos, o jornal Umuarama Ilustrado entrevistou as coordenadoras do CREAS/CRAM Aline Moreno de Camargo e a coordenadora do Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos para Idosos (SCFVI), Débora Cristina da Mata. As entrevistadas falaram da importância de discutir o assunto no sentindo de levar conhecimento e prevenção, como também, a importância de denunciar as violências.
Em levantamento do Governo Estadual, os tipos mais comuns de maus-tratos às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, incluem a violência física (como bater no idoso), violência psicológica ou emocional (fazer o idoso sentir-se constrangido ou humilhado), violência financeira (caso de familiares de que se utilizam de recursos dos idosos para si), violência sexual (mesmo em conversas, quando isto for contra a vontade e princípios do idoso) e a violência por negligência (deixar de agir quando necessário, sejam os responsáveis pelo idoso ou ele próprio sendo negligente consigo).
Segundo as entrevistadas, neste ciclos de violências, a do idoso ainda precisa ser mais debatida e deixar o silêncio do seio familiar. “Quando se fala em violência contra o idoso o assunto não tem tanta visibilidade como em relação a da criança e adolescente ou da mulher. Não se tem tanto apelo social. Desta forma a campanha Junho Violeta veio para gerar essa consciência coletiva social da existência da violência e convidar a comunidade para assumir a responsabilidade”, disse Débora da Mata.
As coordenadoras ainda ressaltaram que, mesmo não tento números conclusivos, a violência contra o idoso apresentou crescimento durante a pandemia do coronavírus. Em números estaduais, na Secretaria da Segurança Pública houve 653 denúncias de maus-tratos e violência contra idosos de janeiro a maio de 2021 pelo Disque Denúncia 181. São 25 registros a mais que o mesmo período de 2020, quando foram feitas 628 notificações pelo mesmo serviço. As denúncias no primeiro quadrimestre de 2021 são ainda mais significativas quando comparadas ao mesmo período de 2019, que teve 470.
“Com a pandemia a questão do isolamento empoderou, em alguns casos, o autor da violência se sente mais seguro, pois acredita que ninguém vai perceber a violência”, informou Aline Moreno.
Neste cenário, o município por meio dos serviços do CREAS/CRAM, SCFVI, ligados a Secretaria de Assistência Social entre outros parceiros e forças de segurança busca orientar a família no sentido de resgatar os vínculos e entender o que é a violência contra o idoso. “Trabalhamos junto com as famílias no sentido de prevenção, como também, de resgate dos vínculos e em último caso a institucionalização desse idoso. Está no estatuto, que a família deve cuidar do seu idoso”, explicou Aline.
Durante a conversa com a reportagem, Débora da Mata ressaltou a necessidade de se observar o envelhecimento saudável ou patológico dos idosos, ou seja, o envelhecimento é definido como um processo multidimensional que apresenta três indicadores de envelhecimento saudável: baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais; funcionamento mental e físico excelentes; e envolvimento ativo com a vida.
A coordenadora argumentou que o idoso, se possível, precisa manter suas atividades, que em algumas situações, são retiradas dele pela família. “O idoso precisa de observação, principalmente quando suas habilidades física e cognitiva começam a apresentar falhas. Porém, quanto possível, a sua individualidade precisa ser mantida, para ele se sentir inserido na sociedade. Existe um pensamento do idoso frágil e dependente e isso pode ser prejudicial”, esclareceu.
Uma das armas para levar conhecimento aos agressores – no sentido de reestruturar a família com melhorias para os idosos – é a denúncia. De acordo com o coordenador do Disque Denúncia 181, capitão André Henrique Soares, o aumento no número de denúncias é um indicativo de que as pessoas estão confiando no serviço oferecido pelo Estado. “A população tem adquirido consciência de que a denúncia deve ser feita e está confiando cada vez mais no serviço do 181”, afirma o capitão.
Além do dique 181, também existe o Disque 100. Em Umuarama as pessoas que precisam de apoio em relação ao cuidado com os idosos e também denúncias podem ligar no CREAS/CRAM 3906-1101 ou Concelho Municipal do Idoso 3906-1092.
No Brasil, a Lei 10.741/2003 do Estatuto do Idoso, assegura os direitos às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos e considera violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
O artigo 19 do Estatuto do Idoso prevê que, em caso de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos, deve ser feita a notificação compulsória pelo serviço de saúde, público ou privado, às autoridades competentes, que pode ser, autoridade policial, Ministério Público, Conselho Municipal do Idoso, Conselho Estadual do Idoso e Conselho Nacional do Idoso.
