UMUARAMA
No intervalo de apenas três meses, três homens perderam a vida de forma violenta em Umuarama.
O que inicialmente indicava serem casos isolados, aos poucos foi ganhando novos contornos com o avançar das investigações da Polícia Civil.
O fio condutor que levou os investigadores a concluir por crimes interligados é o perfil das vítimas. Todos homens, usuários de drogas e vivendo em situação de rua e teriam morrido por não pagar a conta com o fornecedor do entorpecente, segundo a Polícia Civil.
Outro fator comum é que todos frequentavam os mesmos pontos de consumo, a antiga estação rodoviária e a praça da Bíblia, localizados na área central de Umuarama e tinham o mesmo fornecedor drogas. A primeira morte ironicamente foi na praça.
Todos esses indícios e considerando a forma como as mortes aconteceram, levam a Polícia Civil a acreditar que a ordem para a execução de ao menos duas das vítimas partiu de uma única pessoa.
Duas das vítimas foram executadas a tiros em locais ermos.
“O perfil das vítimas e todos esses indícios nos levam a acreditar que possivelmente haja um mesmo autor e que a motivação seja uma eventual dívida de drogas”, salientou o delegado-chefe da 7ª SDP, Gabriel Menezes.
A explicação é que as mortes seriam ‘exemplos’ que o traficante deu aos outros ‘clientes’ para evitar a inadimplência.
Segundo o delegado não é comum a existência de crimes com esse perfil na cidade, o que despertou a atenção dos investigadores do GDE.
A primeira morte, de Celson Fernandes de Souza, de 40 anos, ocorreu na madrugada de 25 de maio de 2022. Ele foi espancado por um grupo de pessoas e depois pendurado pelo pescoço em uma corda. A causa da morte foi o enforcamento.
Segundo apurado pela polícia, ele foi executado por ser suspeito de cometer um estupro. As informações levantadas até o momento indicam que uma organização criminosa teria ordenado a morte.
Segundo a polícia, haveria inclusive vídeos do julgamento paralelo feito por criminosos, que considerou Souza culpado pelo crime de estupro e o condenou a morte.
Além do perfil de Souza, outro elo que o liga as outras duas mortes é a suspeita da existência de pessoas comuns entre os executores nos três casos.
A segunda morte, de José Ávila da Silva, 40 anos, ocorreu no dia 25 de julho, na PR-489, Km 14, em Umuarama, no trecho que leva a Xambrê. Ele foi encontrado já sem vida. O corpo da vítima apresentava sinais de disparo de arma de fogo na região da cabeça.
Execução semelhante teve Guilherme Ribeiro Mantovani, de 28 anos. Seu corpo foi encontrado no dia 27 de agosto, na Estrada Moema (PR 580), em Umuarama, já em avançado estado de decomposição.
Segundo o Instituto Médico Legal (IML), a morte ocorreu ao menos 72 horas antes de ser localizado. O laudo de necropsia ainda não foi concluído, mas uma análise preliminar aponta que a vítima foi executada a tiros.
Justamente para chegar na identificação do autor ou do mandante dos crimes é que a Polícia Civil deflagrou uma operação nesta sexta-feira (9) na praça da Bíblia, na antiga rodoviária e no entorno, em busca de novos elementos para fechar o quebra-cabeças.
A ação contou com a participação do Instituto de Identificação da Polícia Civil, que realizou a identificação de abordados sem documentos, através da leitura de biometria.
A Guarda Municipal e o Centro Pop participaram para prestar atendimento e também acolhimento para as pessoas em condição de vulnerabilidade social.
Segundo o delegado-chefe Gabriel Menezes, a ação permitiu juntar novas informações e elementos a investigação para chegar até o autor dos crimes.