UMUARAMA
O número de apicultores afetados pela morte de abelhas na região do distrito de Lovat – Umuarama – não para de aumentar. O fenômeno, que está sendo investigado pela Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) se foi pulverização irregular de agrotóxico, ocorreu há duas semanas e impactou o Paraná, chamando atenção até do governador Carlos Massa Ratinho Júnior.
Conforme o produtor da estrada Cedro em Umuarama, Alexandre dos Santos, nos seus 30 anos como apicultor nunca presenciou uma situação como a ocorrida. Nas contas de Santos, 10 produtores foram afetados e cerca de 200 colmeias apresentaram abelhas mortas. Ainda segundo o entrevistado, possivelmente 10 milhões de abelhas morreram de um dia para o outro e continuam morrendo.
Desolado com a situação, o produtor explicou que possivelmente a região atingida não apresente mais enxames com força para a produção de mel, pois ele e os demais produtores acreditam que a situação foi gerada pela aplicação de agrotóxico por meio de avião. “Queria que o povo tomasse consciência em relação a forma como é aplicado agrotóxico, que seguissem as legislações. Daqui uns tempos nossos filhos e netos vão questionar, qual a razão de não ter mais mel e mais abelha? Vamos falar o que para os mais jovens?”, desabafou.
O impacto da morte das abelhas chegou ao deputado estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Goura Nataraj, o qual oficiou o Ministério Público do Paraná (MP_PR) sobre o caso. O deputado também protocolou um projeto de lei que, assim como na Europa e em diversos países, proíbe o uso de Fipronil e outros venenos que levam à morte de abelhas.
Em Umuarama, na última semana, a Adapar recolheu amostras de abelhas e mel e encaminhou o material para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). O Tecpar vai realizar testes para identificar qual a causa das mortes. “Se o resultado for positivo para agrotóxicos na causa da morte, dá para identificar qual foi o produto usado e sua origem”, explicou o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Rural), Antônio Carlos Favaro.
O governador Ratinho Junior também se pronunciou na última semana a respeito da morte das abelhas.
Os produtores de mel da região de Umuarama estão enfrentando problemas com as colmeias há cerca de quatro anos. Conforme os entrevistados, além da situação com agrotóxicos, as abelhas também estão sendo castigadas com a seca, o que vem gerando baixa florada das plantas. “A região era ótima para mel, mas não estamos mais conseguindo trabalhar. Antes realizávamos duas coletas por ano, agora temos uma e olha lá. Um produtor em Altônia perdeu 95 caixas com mel pronto para ser colhido. O veneno chega a afetar colmeias dentro de Ilha Grande no meio do Rio Paraná”, alertou Santos.
A morte das abelhas e o desequilíbrio do ecossistema gera problemas ambientais e que vão afetar a agricultura, exclamou o agrônomo do Deral, Antônio Carlos Favaro. “Esse número de colmeias também é importante na visão da polinização, esse dano ambiental não conseguimos mensurar, mas ele existe. Existe a importância além da economia e da renda, dentro do ponto de vista ambiental esse número de abelhas mortas pode gerar consequências para a agricultura. A apicultura é uma atividade importante e precisa ser cuidada”, ressaltou.