Umuarama

MAIS CALOR

Umuarama está mais quente a cada ano e outubro bateu recorde histórico

11/11/2019 12H02

Jornal Ilustrado - Umuarama está mais quente a cada ano e outubro bateu recorde histórico
É fácil encontrar tocos de árvores cortadas ao andar no centro e bairros de Umuarama, além de bairros sem arborização

Umuarama – Dados da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (SEAB), por meio do Departamento de Economia rural (Deral) – unidade de Umuarama – mostram que os umuaramenses estão vivendo o ano mais quente desde 1977. O levantamento revela que desde setembro Umuarama registrou 11 máximas entre 38º C a 40º C, algo que nunca havia ocorrido na cidade nos últimos 42 anos.

Segundo o economista do Deral de Umuarama, Atico Luiz Ferreira, Umuarama nunca havia registrado temperatura de 40º C desde 1977, quando começaram as medições. Ainda segundo o entrevistado, os dias mais quentes do ano foram em 16 de setembro com 39.2 ºC, dia 12 de outubro com 40º C e dia 30 de outubro com 40.4ºC.

Além da temperatura atípica para região, houve um grande período de seca, situação que vem prejudicando a safra 2020/2019. Neste cenário, o jornal Umuarama Ilustrado conversou com as professoras doutoras em biologia do Instituto Federal do Paraná (IFPR) de Umuarama, Norma Barbado e Patrícia Pereira Gomes. Para as biólogas, existem vários fatores que podem influenciar nas altas temperaturas, mas principalmente a devastação da Mata Atlântica no Paraná seria um dos principais para tal, confira a entrevista:

Ilustrado: Existe algum fator mundial ou nacional para essa alteração de temperatura, qual seria?

Norma Barbado: Não se pode atribuir o aumento da temperatura a um único fator, mas sim à interação entre vários fatores. Pesquisas científicas comprovam que tem ocorrido um aumento na temperatura do planeta nas últimas décadas. O chamado aquecimento global decorre do aumento do efeito estufa, formado por uma camada de gases, chamados de gases do efeito estufa (gás carbônico, metano…). Essa camada mantém a temperatura da Terra. Todavia, a queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral), queimadas das matas e florestas, desmatamento, desenvolvimento urbano e agropecuário – sem planejamento – contribuem para o aumento desses gases na atmosfera. A consequência disso, além do aumento da temperatura, é alteração dos padrões climáticos globais (mudança nos períodos e intensidade de chuvas em algumas regiões, secas mais intensas em outras, desertificação, etc).

Ilustrado: Percebemos que também houve uma seca severa com muitas queimadas, isso influência na elevação da temperatura?

Patrícia Pereira Gomes: Na verdade é o contrário. A partir das alterações climáticas, podem ocorrer períodos maiores sem chuvas, mais quentes e secos, como temos observado atualmente. Essa estiagem aliada a outros fatores, como ocorrência de queimas criminosas e/ou acidentais, favorecem grandes incêndios.

Ilustrado: Há alguns anos o umuaramense vem percebendo um calor mais intenso na cidade. O corte de árvores constante, como o desmatamento para o surgimento de novos bairros podem influenciar?

Norma Barbado: A expansão urbana, o aumento de áreas agricultáveis e de pecuária promoveram ao longo dos anos uma drástica redução da cobertura vegetal da Mata Atlântica. No Estado do Paraná, é visível a pequena quantidade de remanescentes florestais desse bioma, fator muito relevante quando se fala em controle de temperatura. As plantas são grandes responsáveis por tornar o clima ameno, já que por meio de sua transpiração resfriam as folhas e o ambiente ao seu redor.

Patrícia Gomes: No ambiente urbano, como é o caso de Umuarama, o excesso de construções, asfalto e pavimentação, além de impermeabilizar o solo causando estragos em épocas de chuva, aumentam a temperatura local. Assim, a manutenção das árvores no meio urbano é fundamental para o controle da temperatura, além de outras importantes funções.

Simepar Primavera

O prognóstico climático para o trimestre outubro-novembro-dezembro de 2019 para o Estado do Paraná realizado pelo Simepar mostra a tendência das temperaturas para valores próximos a acima da média histórica. Ainda segundo o sistema, o regime das chuvas no Estado do Paraná ao longo da primavera acompanharia o comportamento médio histórico, exceto no mês de outubro como ocorreu e que registrou chuva abaixo da climatologia. A ocorrência de chuvas fortes e volumosas, acompanhadas de grande incidência de raios e rajadas de vento fortes, faz parte da climatologia da estação. Contudo, a previsibilidade desses fenômenos é de horas a alguns dias, ressaltou.