Uma lição aos obscurantistas

Eliseu Auth

Obscurantismo é antítese da civilização. É barbárie ideológica que dominou a maior parte da história. Sua máxima sempre foi a lei do mais forte e a dominação de quem pode mais. Pasme o ilustrado leitor, ele tem muitos adeptos mundo afora. Ali, subjugam povos e nações. É olhar, ver e concluir.

Alguém disse que o bom senso é a coisa mais bem distribuída entre os seres humanos. Às vezes, chego a concluir que não é tudo isso. Como ver bom senso num sujeito que se nega a tomar vacina que o protege? Pior ainda, é contra a vacina? Valham-me os céus! É muito estúpido isso. Não tem humanidade, sentido ou razão. É uma espécie de maldade sem escrúpulos.

Pois é, meus caros. Essa visão tornou-se ideário de muitos que se ufanam desse tipo de obscurantismo que grassa aqui e no mundo. A esculhambação tem nomes de governantes como o nosso presidente que desdenha a vacina, mas também têm celebridades como esse tenista sérvio, Novak Djocovic. Está barrado de entrar na Austrália porque não se vacinou contra a covid-19. O país tem leis e uma delas exige o passaporte da vacina. Sei que, há poucas horas atrás, conseguiu a liberação na Justiça de Melbourne, mas o Estado vai recorrer e reformar a estranha decisão. Já admirei seu talento de bater e rebater a bolinha de tênis, mas lamento seu mau exemplo. Sua atitude ofende a população australiana e quem lá vai. Isso é mais que lógico. Verdadeiros líderes ficam imortais porque dão exemplo, ensinam e orientam. Lembro alguns enquanto escrevo: Mandela, Desmon Tutu, Ghandi, Franklin Delano Roosevelt, Abraham Lincoln, Churchil, Martin Luther King, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Ângela Maerkel, Darci Ribeiro, Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Padre Julio Lancellotti, Pelé, Airton Sena, Zico, Júnior e o Papa Francisco. Tenho mais ídolos, todos ícones em dignidade e luz para iluminar o caminho da vida de todos nós e do mundo inteiro.

Volto à planície. Torço muito que o ministro da saúde páre de atrasar a vacinação de nossas crianças. Que o governo federal também páre de destruir nossas florestas e que respeite as instituições democráticas e a própria democracia. Isso tudo tem nome. Chama-se obscurantismo. Que o episódio de Djokovic, impedido de por em risco a saúde do povo da Austrália, sirva ao menos para essa gente pensar um pouco. É uma lição aos obscurantistas.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).