Eliseu Auth
Eliseu Auth
Li, no “Umuarama Ilustrado”: Dia 30 deste mês haverá audiência pública na Prefeitura para tratar da “Nova delimitação da APA (Área de Proteção Ambiental) do rio Piava e apresentação do Projeto “Pulmão Verde” de Umuarama”. Já vou dizendo que, se for para diminuir a APA e a proteção do Piava que nos abastece com suas águas generosas, não contem comigo.
Só temos o Piava que deve ter nosso carinho e gratidão. Ele não merece ser agredido como já esclareceran as pesquisadoras Norma Barbado e Patrícia Pereira em estudo do Instituto Federal do Paraná. Só espero que não venham nos iludir com a redução da área de proteção, em projeto traiçoeiro de nome bonito e conteúdo feio que tenha especulação e ganância. Não! A premissa é a garantia das águas límpidas e das matas ciliares que protegem o rio.
Ser defensor do meio ambiente, preservar águas, rios e matas não é opção. È condição para nossa existência. Não há ideologia nisso. É preservar ou caminhar para o fim. O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” sabe disso.
Às vezes, precisamos aprender com os bichos que não destróem a natureza enquanto nós botamos em curso um processo degradatório que não pára. No imaginário de guri, tenho os rios e sangas da infância. Eram muitos e viçosos. O “Santo Cristo” era imponente, fundo e caudaloso, tanto que nos ensinou a nadar. O “Anta”, seu afluente, era forte e piscoso e hoje é filete d´água. No caminho para a Escola, em dias de geada, a gente esquentava os pés nas águas de córregos e sangas fumegantes que atravessavam as estradas. Hoje, não há uma água dessas para contar a história desse tempo de bonança ambiental.
Para onde estamos indo? O mundo civilizado precisa olhar à frente e ver o futuro de todos nós e dos nossos filhos e netos. Lembro a sabedoria de Ailton Krenak, no livro “Idéias para adiar o fim do mundo”: “O fim do mundo – da vida, do planeta, do sistema solar etc., como sabemos, é inevitável; na frase de Lévi Strauss, “o mundo começou sem o homem e terminará sem ele”. Resta saber se teremos imaginação e força para adiar o fim de nossos mundos, isto é, nosso próprio fim como espécie”. (Op. cit. págs. 83-84).
Pelas águas que nos oferece, devemos uma jura de amor ao rio Piava.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).