Dr. Eliseu Auth

31/05/2022

Uma história para a gente gostar

30/05/2022 18H41

Jornal Ilustrado - Uma história para a gente gostar

Eliseu Auth

Quem me contou é personagem da história. Lucimar Borges, o “Lobinho” é meu amigo desde guri e jogou bola comigo e meus filhos, lá no Ginásio de Cruzeiro do Oeste. Há alguns dias, num papo descontraído na Associação Atlética Banco do Brasil, ele me contou esta história deliciosa que o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” vai gostar. Aqui temos histórias assim, mas esta se deu nos Estados Unidos, onde Lobinho foi trabalhar em 2001.

Lá chegado, morou em “Yarmont” – MA, numa casa com 15 outros trabalhadores. Conseguiu fazer a identidade americana e foi trabalhar. Mechia com telhados, recebendo por semana e em cheque. Numa dessas sextas-feiras, quis trocar um cheque de U$ 1.480,00, quando viu que perdera a carteira com cheque, dinheiro e documentos. Deu desespero e correu fazer um B.O., informando tudo o que extraviara. Passados uns 30 dias, num domingo e já sem esperança de recuperar o perdido, Lobinho fazia uma “vaca atolada” (carne cozida com mandioca) para ele e a rapaziada da “república”. De repente, alguém bateu à porta e chamou pelo “Mister Borges”. Lucimar temia que fosse a polícia, não que tivesse feito algo errado, mas pela falta dos documentos. Vou ao parágrafo para contar o resto desta história de vida:

Lobinho foi atender o homem que batera à porta. Era o americano “Thom Steug Pean”, profisssão caminhoneiro, que perguntou: Você é o Mr. Borges? Depois de ouvir que sim, fez outra pergunta: Você perdeu sua carteira? Coração disparado, Lobinho repetiu que sim. E o operário da boléia lhe entregou a carteira com cheque, dinheiro e documentos. Tudo do jeito que estava. Ainda pediu desculpas pela demora, pois morava longe e precisou viajar para ganhar a vida. Aí foi aquela festa! Resumindo: o bom homem aceitou almoçar com os brasileiros, comendo “vaca atolada” e saiu elogiando a delícia do prato brasileiro. Não aceitou 150 dólares que Lobinho ofereceu de recompensa e justificou que o dinheiro não era dele. Bom. Lobinho voltou ao Brasil e mora em Cruzeiro do Oeste, onde me contou a história. Thom ficou lá. Ambos viraram amigos e se conversam. Uma história para a gente gostar.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).