Uma estratégia para o caos

O mundo acabou de assistir a coroação do rei Charles III da Inglaterra. Sou nada admirador de reis no poder. No caso é uma realeza constitucional, então o rei não governa e só representa o Estado. Quem governa é um ministro indicado pelo partido que conquistou a hegemonia pelo voto popular. Admito ter simpatias pelo rei Charles III, dado à sua preocupação com a questão ambiental no planeta. Faltam vozes no poder que se preocupem com ela.

Antes de ir ao tema que me proponho desevolver para reflexão do ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”, quero registrar o gesto do meu amigo Pedro Forte que voltou da Itália dos seus antepassados e me trouxe um cinzeiro lá da cidade de Pompéia. Disse que quis homenagear meu gosto pela história que ensina. Uma bela recordação daquela cidade sofrida que o vulcão do Monte Vesúvio soterrou em 79 d.C., junto com a cidade de Herculano. Ficaram 16 mil mortos e as ruínas escavadas mostram cenas horríveis daquela tragédia.

Coloquei no título o caos que a baderna terrorista de 08.01.23 pretendia instalar no país, depredando as sedes dos três poderes da República. Creiam, pretendiam justificar uma intervenção militar. Não me venham com a conversa mole de que foi coisa de infiltrados como as mentiras das redes sociais propagaram e ainda vomitam. Foram alinhados aos que se enrolavam na bandeira, fechava estradas e se apinhava diante de quartéis e Tiros de Guerra, pedindo golpe militar. Queriam golpear Lula, eleito presidente pelo voto popular em eleições limpas e transparentes. O exército resistiu ao desatino porque nosso regime constitucional é a Democracia e qualquer atentado contra ela é crime. Os artigos 359-L e 359-M, ambos do Código Penal, tipificam os crimes de “Abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e “Golpe de Estado”. Leiam e aprenderão. Principalmente os que, inocentes úteis, foram no embalo do intento golpista da extrema direita.

Lá vem a CPMI do vandalismo. Já achei que não precisaria. Há tanto a fazer e refazer no país. Agora, já acho bom. Como a CPI da Covid mostrou o negacionismo do triste governo Bolsonaro, vai ficar claro a todos de que lado precisamos ficar. E que o vandalismo foi uma estratégia para o caos.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).