Uma agenda para o planeta

Todos nós deveríamos ser ambientalistas. Na extensão do termo e na sua compreensão. Como um barco em alto mar, navegamos no espaço imenso, nesta terrinha que é o nosso planeta. Se estragarmos o barco, vamos afundar com ele. Ele é nossa casa e não temos outra para morar. Como não cuidar dela, se nós e nossos descendentes dependemos dos seus recursos naturais para viver e sobreviver? É questão de vida ou morte, lutar pela preservação do barco em que flutuamos. Isso é ser ambientalista. De que adiantam terras, lavouras, pastos e boiada grande, se a chuva não cai num planeta inóspito?

Não é ideologia de esquerda ou direita. É sensatez! É consciência, capacidade de pensar, raciocinar, induzir e deduzir. A terra dá sinais de extrema irritação com o que fazemos dela, derrubando matas, poluindo o ar e emitindo carbono. Esquecemos que ela aquece. Vejam o que Nelson Barbosa, intelectual deste país, escreveu na “Folha de S.Paulo” de 26.06.20: “38ºC no verão ártico”, recorde de temperatura, desde quando se faz os registros. É um trágico alerta. No caso do Brasil, diz o cientista que é tarefa urgente preservar e recuperar florestas, em lugar da destruição promovida ou permitida pelo atual governo. Diz que nossas florestas em pé são um ativo mundial que pode gerar renda para o país e a população, mediante o pagamento a ser negociado e pactuado com o resto do mundo. Isso é que tem que ser buscado.

O mundo já teve melhores governantes. Aqui e nos Estados Unidos também. Agora, o que temos é Bolsonaro e Trump que debocham de ambientalistas e do próprio meio ambiente. Detestam a imprensa livre, negam a ciência e buscam confrontos. Mas, o destempero não é eterno. Consola que o líder nas pesquisas do norte é o democrata Joe Biden que desfralda a bandeira ambientalista na volta ao pacto do clima. Ainda acena com pressão contra governos autoritários, respeito à ciência, igualdade racial e desarmamento. É uma agenda para o norte, mas não deixa de ser uma agenda para o planeta.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).