INFORME UEM AGRÍCOLA
Professor Fabrício Leite
Engenheiro Agrícola com mestrado e doutorado em máquinas e implementos agrícolas
Departamento de Ciências Agronômicas, UEM – Umuarama
A realidade atual de propriedades agrícolas brasileiras é a conexão com o mundo pela internet. As negociações são feitas diretamente com o comprador utilizando ferramentas que muitos pensam que não são acessíveis ao produtor rural, mas que com smartphone na mão é possível encaminhar ao seu cliente do outro lado do mundo, com informações de sua lavoura em apenas uma foto.
O gerenciamento das propriedades agrícolas conta com uma gama de ferramentas que vão desde o uso de drones para monitoramento de pastagens degradadas até tratores autônomos que não necessitam de operador para realizarem a semeadura da lavoura.
Os drones são equipamentos dotados de GPS e câmera fotográfica, sem tripulantes e controlados do chão. Essas câmeras são de alta definição podendo tirar fotos ou realizarem filmagens a uma altura de 60 metros da superfície.
O Engenheiro Agrônomo formado deve não só realizar diagnóstico da lavoura, mas estar familiarizado com softwares que o auxiliam na tomada de decisão, como mapeamento de produção e verificação do porquê em determinado talhão a colheita não foi a desejada, e isto é possível graças à Agricultura de Precisão, onde aparelhos de GPS (Sistema de Posicionamento Global) e monitores de colheita instalados nas colhedoras de grãos dão a localização exata do ponto com falha de produção.
Com as coordenadas do ponto o Engenheiro Agrônomo coleta amostras de solo e verifica se há alguma deficiência de nutriente e assim o produtor rural pode realizar uma aplicação localizada de insumos por meio de distribuidores de fertilizantes, também equipados com GPS, gerando assim economia de insumos.
Recentemente em uma reportagem do Globo Rural (Publicado na edição 414 de abril/2020), a Fazenda Pamplona da SLC Agrícola em Cristalina (GO) utilizando a tecnologia de aplicação de defensivos à taxa variável por meio do GPS, equipamentos de controle eletrônico e softwares instalados no pulverizador, são aplicados os produtos apenas onde há plantas daninhas ou infestação de insetos indesejáveis e a digitalização dos dados compilados de suas estações meteorológicas ajudou a propriedade poupar cerca de R$ 4,7 milhões.
Em outra reportagem do Globo Rural (Publicado na edição 414 de abril/2020) uma empresa norueguesa desenvolveu um robô autônomo, com GPS, que emite raios ultravioletas sobre frutas e hortaliças para o combate de doenças provocadas por fungos, controlando até 90% do oídio em pomares de morango na Flórida (EUA), tornando-se assim, um controle sustentável para cultivos orgânicos ou convencionais.
Semelhante ao uso de robôs no campo existe o sistema de Piloto Automático, embarcados principalmente em tratores e pulverizadores autopropelidos.
Esse sistema é um conjunto de sensores eletrônicos que controlam direção e velocidade com uso de GPS, mas não dispensa a figura do operador, pelo contrário, auxiliam o funcionário evitando sobreposições de semeadura ou pulverização, proporcionando desta forma economia no processo agrícola.
Os fabricantes de tratores, colhedoras e pulverizadores disponibilizam em suas máquinas o sistema de telemetria, que consiste em um conjunto de hardware e sensores eletrônicos embarcados nas máquinas e compartilham informações remotamente do maquinário, como consumo de combustível, velocidade de operação, número de horas trabalhadas, tempo para realizar manutenção, entre outras informações, ao agricultor e fabricantes dos maquinários. Esse tipo de tecnologia é muito utilizado em nossa região por usinas de açúcar e etanol, além de produtores de grãos.
Outra tecnologia muito utilizada no meio rural é o SIG (Sistema de Informação Geográfica), que associa softwares de geração de mapas obtidos por imagens espaciais com dados levantados a campo, gerando informações ao produtor de quais áreas em sua lavoura há infestação de pragas e plantas daninhas, por exemplo.
Todas essas tecnologias apresentadas fazem parte do que hoje é chamado de “Agricultura 4.0”. O conjunto dessas ferramentas auxiliam os produtores rurais na tomada de decisão. E o Brasil tem se destacado nesse segmento, com crescimento em torno de 20% nos últimos 10 anos, embora o acesso à internet no meio rural ainda seja menor comparado ao meio urbano. Assim, verifica-se que há muito a investir nesse acesso, pois com essas tecnologias o agricultor pode obter maior economia e consequentemente maior lucratividade.