Umuarama

Triste retrato

Saúde de Umuarama registra 11 mortes por covid-19 e falta de medicamentos

16/03/2021 09H09

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Cenas de caos e tristeza relacionadas ao coronavírus, muitas vezes observadas em outros estados e países, agora são vivenciadas na Capital da Amizade. Só no último fim de semana a 12ª Regional de Saúde registrou a morte de 11 pessoas que estavam internadas em alas covid-19 em hospitais e Pronto Atendimento de Umuarama. O número é assustador e ainda existe a projeção para falta de medicamentos usados para pacientes intubados, como também, para realizar novos procedimentos.

Conforme a diretora da 12ª Regional de Saúde, Viviane Herrera, Umuarama e região está passando pelo pior momento da pandemia do coronavírus até aqui. Dados do boletim da Secretaria Estadual de Saúde mostram que Umuarama tem 102 óbitos e mais 38 casos de mortes em análise. Já a região dos 21 municípios conta 220 mortes e 63 casos em investigações. Os números devem ser maiores, pois as mortes do fim de semana ainda não entraram no boletim estadual.

Dos registros de morte por covid-19 levantados pelo Governo Estadual, o último fim de semana foi o mais trágico para o sistema de saúde de Umuarama, quando registrou sete óbitos no Hospital Uopeccan, três no Hospital Cemil e uma morte no Pronto Atendimento (PA). “Acredito que situações mais críticas estão por vir nas próximas duas a três semanas com a falta de medicação, pois as distribuidoras não estão dando conta de produzir”, ressaltou Viviane Herrera.

A falta de insumos citado por Viviane, também foi comentada pelo médico infectologista do Hospital Uopeccan, Raphael Chalbaud Biscaia Hartmann. “Infelizmente além da falta de leito esta faltando sedativos e outras medicações para manter os pacientes. A falta agora não é só de leito e profissionais, as distribuidoras não têm mais medicações. O fato não é nem comprar, não tem, não tem matéria prima para fazer os medicamentos”, alertou o médico.

O médico ressaltou que vai ter o colapso também dos medicamentos, principalmente os sedativos para manter os pacientes que estão em ventilação mecânica. “Não vai faltar só para o paciente coronavírus, mas para o cardíaco, para o oncológico, ou seja, para todos que precisam de atendimento. Isso o hospital não tem como resolver, não é problema de logística, todos os fornecedores estão em falta e o aumento de pessoas doentes piora a situação”, desabafou.

Casos

No boletim municipal de ontem foram anunciados mais 54 casos da doença na cidade. Os novos infectados são 33 homens, 19 mulheres e duas crianças, elevando para 8.347 o número de umuaramenses com diagnóstico positivo para covid-19 desde março do ano passado. Desse total, 5.034 se recuperaram, 3.172 seguem em isolamento domiciliar e 55 pacientes estão hospitalizados – 25 em unidades de terapia intensiva e 30 em enfermarias da cidade e região.

Leitos

O número de leitos exclusivos para covid foi ampliado neste fim de semana, mesmo assim a taxa de ocupação está próxima do colapso: Umuarama tinha na segunda-feira 32 dos 33 leitos de UTI ocupados (97%), bem como 50 dos 64 leitos de enfermaria contavam com pacientes (78%).

Consciência da população

A diretora Viviane Herrera ressaltou que a população precisa se conscientizar que não existe a possibilidade de abrir novas vagas de leitos, pois não existem mais profissionais para atuar, como também, agora chega a situação da falta de remédios. “No dia 3 de março ampliamos os leitos em 20 de enfermaria e de sete de UTI e em menos de 24h eles foram lotados. Mais leitos foram abertos na última sexta-feira e ainda temos 165 pessoas na fila por um leito covid em toda Macrorregião. A população precisa conscientizar do uso de máscara, lavar as mãos, uso do álcool em gel e parar com as festas clandestinas e aglomerações”, pediu.