Ernesto souza

Ernesto de Sousa

SAUDADES

19/08/2023 11H52

Jornal Ilustrado - SAUDADES

Existem saudades que não gostaria de sentir, vazios que ninguém pode preencher […] mas quando a saudade tem nome, cheiro, sorriso e voz, só o tempo pode abrandara a dor”. (Prof. Jean Carlos).

A saudade é um sentimento profundo que aflora no peito e que, muitas vezes, pode trazer dor e sofrimento aqueles que a possui. Trata-se de um forte sentimento de melancolia e tristeza.

O termo deriva da palavra solidão e expressa forte nostalgia. E não existe nenhuma expressão equiparada em outras línguas estrangeiras. Como sinônimo de saudade tem-se: nostalgia, lembranças, pesar, entre tantas outras.

Para algumas pessoas ela é retratada como a falta de algo. Para outros é a ausência da presença de um ente querido, já para a maioria a saudade faz parte de suas vidas, pois existe uma infinidade de saudades. No entanto, pode-se também sentir saudades de coisas ou de determinados locais ou até mesmo certos momentos vividos. Enfim, saudade é a ausência de experiências vivenciadas.

Derivaram-se da expressão saudade, os termos saudosismo ou saudosista (saudoso), que é usado quando há perda de um ente querido. Por isso a vida da maioria das pessoas é uma g infinita de saudades. Em geral ela se dá em razão do distanciamento (de pessoas ou de lugares) ou de uma época boa em nossas vidas. Enfim, se trata de um termo genérico com múltiplos significados.

William Shakespeare afirmou que “todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”.

Sentir saudade é estar só e ao mesmo tempo rodeado de uma presente ausência, de pensamentos recorrentes, de desejos intermináveis. Saudade é dormir sentindo, sonhar revivendo e acordar enquanto a alegria continua adormecida. Processo que deixa a pessoa pensar em alguém que está distante.

Para outros, a saudade é o preço que se paga por viverem inesquecíveis momentos de acordo com os poetas de plantão. Pois, Mário Quintana afirmava que “A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo”.

A expressão pode-se ser entendida como o destino que nos une e nos separa. Mas nenhuma força é grande o suficiente para fazer esquecer pessoas que por algum motivo um dia nos fizeram felizes.

Há quem afirme que a “saudade é vazio preenchido de vontade, é sede que não sacia, é fome que não acaba. Saudade é falta”. (Desconheço o autor).

Assim, a expressão saudade, é um dos termos mais usados em poesias de amor, músicas românticas ou nas histórias de amor como ratificado por Fernando Pessoa “Não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram”.

Clarice Lispector mencionou que “sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me pego pensando no passado, eu sinto saudades […] Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei […] Sinto saudade dos que se foram e de quem não me despedi direito, daqueles que não tiveram como eu dizer adeus […] Sinto saudade das coisas das coisas que vivi e das quais deixei passar”

No entanto, é importante não se esquecer de que a saudade do passado e o medo do futuro venham estragar a beleza de hoje, pois há dias que valem um momento, e há momentos que valem por toda uma vida.

Por fim, “pode-se ter saudades dos tempos bons, mas não se deve fugir ao presente”. (Michel de Montaigne).

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Ernesto de Sousa Ferraz Neto é professor na rede pública de ensino.