Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde reuniu na tarde de segunda-feira, 3, as forças atuantes no combate à dengue para discutir a situação da doença em Umuarama. O aumento constante dos casos a partir de janeiro – que saltaram de 80 no final de 2019 para 238 nesta semana – coloca a cidade em risco iminente de epidemia, apesar das várias ações realizadas pelo município e parceiros.
A secretária de Saúde, Cecília Cividini, disse que o número de casos cresceu quase 3 vezes em relação ao final do ano passado. “Temos recebido cerca de 35 notificações por dia. Não queremos enfrentar uma epidemia novamente, como ocorreu em 2007 (quando Umuarama teve 2.400 casos confirmados). O desafio é grande, mas com a união de todos e a intensificação do trabalho é possível controlar a situação”, apontou.
Para isso é preciso que todos se envolvam nas ações e na orientação à população. “É nas casas que o mosquito da dengue se cria. Precisamos convencer a população a cuidar do seu quintal. Recolhemos mais de 70 toneladas de lixo no Sonho Meu, com o Programa Bairro Saudável, mas será que se fizermos uma nova coleta em 30 dias não teremos outra grande quantidade de lixo?”, questionou o prefeito Celso Pozzobom. “A preocupação com o mosquito da dengue precisa ser constante, o tempo todo. Só assim conseguiremos controlar. Sem mosquito não tem dengue”, reforçou.
A reunião teve a presença de representantes do conselho municipal de combate à dengue, do núcleo regional do conselho estadual, de várias secretarias municipais, da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), do promotor público da área de saúde, Marcos Antônio de Souza, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Umuarama (Aciu), sindicato dos bancários, Tiro de Guerra, Câmara Municipal, Ciretran, Fundação Cultural, Núcleo Regional de Educação, 12ª Regional de Saúde e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, entre outras entidades.
“Diante da situação, precisamos triplicar os cuidados no combate ao mosquito da dengue. Todos nós precisamos ser multiplicadores de informação, pois o risco de epidemia existe e a doença é muito séria, tira as pessoas do trabalho, causa muito sofrimento e pode levar à morte com as complicações. É importante que a sociedade, a população, todos estejam engajados e essa é a nossa missão”, acrescentou Cecília Cividini.
A secretária municipal de Comunicação, Letícia Macedo D’ávila Correa, falou sobre uma das principais ações da Prefeitura no combate ao mosquito – o Bairro Saudável, que em três anos recolheu quase 1 mil toneladas de lixo, móveis velhos e materiais com potencial de acumular água e se tornar criadouro do mosquito. Neste ano, apenas em uma semana foram coletadas quase 200 toneladas.
Embasado em lei (4.210/2017), o programa acontece entre janeiro e fevereiro – período mais crítico para a reprodução do mosquito, devido ao clima quente e incidência de chuvas –, passando por todos os bairros da cidade, priorizando os locais com maior índice de infestação apontados pelo Liraa (Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti).
Além desta ação, a coordenadora da Covisa, Maristela de Azevedo Ribeiro, expôs outras iniciativas e projetos em execução, como Educação em Saúde Ambiental, Escola em Ação, ações integradas, informações em tempo real, uso de drone nas vistorias (onde o acesso não é possível pelo chão), ações de bloqueio, pontos estratégicos, teatro da dengue, trabalho com a terceira idade, Projeto Orquídeas (que ocupam ocos de árvores, que também acumular água).
A Covisa também distribuiu um mapa com indicação dos casos da dengue no município – a situação é mais crítica no conjunto 26 de Junho e no distrito de Serra dos Dourados. As regiões de outras sete unidades de saúde estão em alerta (Guarani/Anchieta, Centro de Saúde Escola, Cidade Alta, Panorama, San Remo, Jardim União e Posto de Saúde Central), enquanto as outras dez unidades estão com baixa incidência. Os distritos de Lovat, Santa Eliza, Vila Nova União, Roberto Silveira e Nova Jerusalém não tiveram casos confirmados.
Os principais fatores que favorecem a criação do mosquito é o lixo e materiais recicláveis guardados sem proteção nos quintais, pratinhos de plantas com água e os baldes, bacias e tonéis que a população utiliza para armazenar água da chuva. Esses reservatórios precisam ficar cobertos, pois são o local ideal para o mosquito depositar seus ovos e continuar o ciclo de vida, propagando a dengue e outras doenças – como zica vírus, febre chikungunya e até a febre amarela.
Outro tema reforçado na reunião, realizada no Auditório Haruyo Setogutte, é que o morador ou ocupante de imóvel que receber a segunda autuação da Vigilância Ambiental por focos do mosquito da dengue será denunciado ao Ministério Público e vai responder criminalmente, com base no artigo 268 do Código Penal (Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa). A pena pode ser detenção de um mês a um ano e multa.
A determinação é do promotor público da área de saúde, Marcos Antônio de Souza, diante do aumento no número de casos confirmados de dengue nas últimas semanas e do risco de epidemia da doença. “Temos de ser rígidos na fiscalização e punir quem não cuida do seu quintal, colocando a própria saúde e dos vizinhos em risco”, destacou o promotor. Ele pediu fiscalização intensificada e orientou que, havendo dificuldade de acesso ao imóvel, a Guarda Municipal seja acionada.
No ano passado, a Secretaria de Saúde e o comitê da dengue emitiram 1.146 multas a moradores de residências onde houve reincidência de focos do mosquito da dengue.