UMUARAMA
Na tarde de terça-feira (11), a Prefeitura de Umuarama foi palco de uma reunião entre o prefeito Fernando Scanavaca, representantes da Sanepar, vereadores e cerca de 50 moradores dos bairros Tarumã, Ipê, Belo Monte, Janina, Acácia e loteamentos da região do Conjunto Sonho Meu. O encontro foi intermediado pelo jornal Umuarama Ilustrado, que, após uma reportagem sobre a grave situação da falta de rede de esgoto nesses bairros, mobilizou as autoridades para discutir soluções para o problema que impacta diretamente a qualidade de vida dos moradores.
Compromissos e promessas
Durante a reunião, que ocorreu no auditório da Prefeitura entre 16h e 17h30, o prefeito Scanavaca reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos moradores e pediu paciência para solucionar o problema de forma definitiva. Ele destacou que uma das prioridades de sua gestão é ampliar a cobertura da rede coletora de esgoto para 100% da população.
Scanavaca informou ainda que esteve em Curitiba há cerca de duas semanas para solicitar a antecipação das obras de esgoto, previstas inicialmente para 2028, para os anos de 2025 e 2026. O pedido está em análise pela Sanepar, e o investimento estimado é de R$ 11 milhões. Enquanto aguarda a decisão, a Prefeitura pretende contratar um segundo caminhão limpa-fossa para amenizar os transtornos enfrentados pelas famílias.
O presidente da Câmara Municipal, Luiz Antônio, garantiu que estará acompanhando de perto a situação e cobrando soluções, colocando-se à disposição da comunidade.
Relatos de uma rotina insuportável
Os moradores aproveitaram a oportunidade para relatar os graves problemas enfrentados devido à ausência de saneamento básico. “O sonho da casa própria virou um tormento”, desabafou Suellen Paula de Andrade Costa, funcionária do setor financeiro de uma cooperativa agroindustrial. Moradora do Jardim Acácia há um ano, ela explica que a situação é insustentável. “Tem que controlar a descarga. Se der uma pressão maior, retorna fezes pelo banheiro. A casa inteira cheira a esgoto”, contou.
A pequena fossa da residência de Suellen, com menos de um metro e meio de profundidade, enche rapidamente, exigindo contratação frequente de serviços particulares de limpeza, que podem custar até R$ 800 por mês. “Isso pesa demais no orçamento. E não é luxo, é necessidade”, disse, indignada.
Ivanilza Avanço, moradora da região há 15 anos, afirmou que já abriu três fossas e nenhuma dá conta da demanda. “Em 15 dias estão cheias de novo”, lamentou. Segundo ela, o prazo para a Prefeitura enviar o caminhão limpa-fossa pode chegar a 30 dias, tempo suficiente para o esgoto invadir o quintal e até mesmo dentro de casa. “Usar o banheiro virou um dilema. Ao tomar banho, precisamos esperar a água suja baixar para outra pessoa poder usar”, relatou emocionada.
A realidade: descaso e indignidade
A situação expõe os moradores a riscos diários. Crianças brincam entre poças de esgoto, o cheiro é insuportável e pragas urbanas invadem as casas. “Cheguei do trabalho e minha casa estava infestada de larvas da fossa”, relatou outra moradora.
Além dos transtornos sanitários, algumas residências estão ameaçadas de desabamento. “O chão da minha casa está afundando. Recebi notificação da Defesa Civil dizendo que preciso arrumar, mas como, se o problema é a falta de rede de esgoto?”, questionou um morador inconformado.
A população também criticou a ausência de políticos no local para conhecer de perto a situação. “Vamos atrás dos vereadores, mas eles nunca pisaram aqui para ver como estamos vivendo. Queremos que venham olhar as casas, ver como vivem famílias com crianças pequenas. Não estamos pedindo luxo, apenas dignidade”, protestou Ivanilza Avanço.
O que diz a Sanepar
A Sanepar informou que os projetos para a implantação da rede de esgoto nos bairros já estão prontos e que uma parceria com a Prefeitura foi firmada para a execução das obras. No entanto, os prazos ainda não foram definidos.
