Agricultura
Nesta semana o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), estimou redução de 14% na produção de soja do Paraná. O motivo seria o excesso de calor e falta de chuvas entre novembro e dezembro. A região de Umuarama foi a segunda no Estado mais castigada com a estiagem e Francisco Alves o município com maior registro de plantações prejudicadas.
Segundo o economista do Deral de Umuarama, Ático Luiz Ferreira, o percentual real de perdas da safra da soja 2018/2019 só poderá ser levantado com o fim da colheita. Uma vez que, muitas plantações aparentemente saudáveis estão apresentando grãos pequenos e murchos. Ainda conforme o entrevistado, hoje o prejuízo para a região perante a situação da soja seria de R$ 163 milhões.
No levantamento prévio do departamento, os municípios localizados sentido região Oeste foram os mais afetados com a seca e o calor. Francisco Alves possivelmente terá uma quebra de 52% na colheita da soja. “Os agricultores de Francisco Alves esperavam colher 78 mil toneladas, hoje a estimativa caiu para 40 mil toneladas. Iporã foi o outro município na região com quebra estimada em 50%”, disse Ferreira.
No levantamento estadual, as regiões mais afetadas com as perdas de soja até agora foram as de Toledo, com redução de 39% em relação à estimativa oficial; seguida de Umuarama (25%), Campo Mourão (23%), Francisco Beltrão (22%), Paranavaí (19%) e Cascavel (14%).
Mesmo com os problemas relacionados ao calor, alguns produtores da região ainda vão colher bem, ressaltou Ático Luiz. “Em Alto Piquiri temos localidades que devem colher 40 sacas por alqueire, porém, outras colherão cerca de 170 sacas/alqueire. Tivemos chuvas isoladas na região que acabaram beneficiando determinadas localidades”, explicou.
Hoje a safra regional está em 27% de colheita e as plantações mais afetadas foram as que iniciaram mais cedo. “Tivemos registro de início de plantio em setembro de 2018 e essas plantações sofreram mais com o calor intenso e falta de chuva em dezembro. Porém, há três anos os produtores vinham obtendo ótimos resultados com plantio antecipado, pois geralmente a falta de chuva ocorre em janeiro”, noticiou o economista Ático Luiz.
Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, desde a safra 2011/12, o Paraná não registrava grande frustração de safra com a soja. Neste ano, o calor excessivo antecipou a colheita que hoje encontra-se com 15% da área plantada (5,4 milhões de hectare). “No ano passado nessa mesma época a colheita ainda não tinha iniciado”, comparou. “As primeiras áreas colhidas são as mais atingidas. Quem plantou a partir da metade de outubro para frente, que são as lavouras mais tardias, não deve ser tão impactado pelo clima”, disse o economista. Segundo ele, os reflexos no mercado já são evidentes. A soja está sendo comercializada, pelo produtor, em média por R$ 69,00 a saca, cerca de 6% acima dos preços praticados em igual período do ano passado, quando o produto era vendido por R$ 62,00 a saca.
A safra de milho foi menos afetada pelo clima em função da resistência das lavouras com o clima seco. A projeção para esse período do ano apontava para uma colheita de 3,3 milhões de toneladas, contra uma estimativa atual de 3,1 milhões de toneladas.
Para o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio, o cenário para a produção paranaense do grão não é ruim. As estimativas de produtividade permanecem no intervalo esperado de 8,7 mil e 9,7 mil quilos por hectare, para essa época do ano. ” Mesmo com rendimentos elevados, a primeira safra de milho é pouco expressiva no Estado, não tendo a mesma representatividade que tinha antes”, disse o analista.