inovador
A pesquisa científica é a porta do conhecimento e também das oportunidades. A prova disso é a participação de dois alunos do ensino médio do campus de Umuarama do Instituto Federal do Paraná (IFPR) na Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF), considerada a maior feira de ciências do mundo.
O evento anual acontece nos Estados Unidos e é organizada pela Society for Science. E o que levou esses estudantes até Los Angeles, na Califórnia foi o desenvolvimento de um curativo biodegradável que contém nanopartículas de prata e atua como um antibiótico na cura de feridas crônicas, como escaras.
O projeto é denominado “Nanocurativos biodegradáveis: obtenção de compósitos entre nanopartículas metálicas e alginato de sódio”. Mas para chegar na terra do Tio Sam, os alunos de Química, Giovanna Pereira do Prado e Alan Matheus Carneiro Martins, autores do projeto, percorreram um longo caminho.
Primeiro o desenvolvimento do projeto por dois anos e os desafios ganharam novos patamares com a inscrição na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), desenvolvido anualmente pela Universidade de São Paulo (USP).
O projeto passou pela primeira seletiva online, deixando para trás 3.000 outros desenvolvidos por estudantes de todo o Brasil. A segunda etapa foi presencial, em abril último, em São Paulo, onde eles concorreram entre 250 projetos.
“Para mim já era inacreditável estar lá. Nunca tinha ido para São Paulo. Tudo muito grande, muita gente. Não imaginei que a gente iria ganhar o primeiro lugar. Eu não acreditei no primeiro momento”, contou Giovanna. Ela é moradora do distrito de Elisa, em Xambrê, e aos 18 anos cursa o terceiro ano de Química no IFPR.
Segundo o professor-orientador Otávio Akira Sakai, essa foi a primeira experiência da instituição na Febrace e apesar do projeto estar bem fundamentado, dentro de normas científicas, com metodologia, não acreditaram que poderiam vencer na categoria em que estavam: microbiologia.
PREMIAÇÃO
Além do troféu de primeiro lugar em ciências biológicas, ainda ganharam uma publicação de artigo em revista científica e a participação na ISEF, nos Estados Unidos, com todas as despesas pagas para os dois alunos e o professor orientador.
Foram nove projetos selecionados para ir para a feira americana. O professor Otávio ainda recebeu o prêmio de melhor orientador da Federação entre os concorrentes do Paraná.
“Foi surpresa. Nossa Senhora, a gente nem acreditou. Isso vem a reverendar tudo o que a gente fez durante dois anos. Para mim e para a professora Giselle (Couto de Oliveira – co-orientadora), passa um filme. Todos os dias a tarde que ficava desenvolvendo com os alunos, lapidando, trabalhando com os alunos. É gratificante para a instituição e para a cidade”, salientou o professor Otávio.
NOS ‘STATES’
Em Los Angeles, o grupo teve contato com estudantes e pesquisadores de 60 países apresentando 1500 projetos.
“Do lugar de onde eu vim, minúsculo, nunca imaginei que estaria em uma feira internacional. A gente acha que nunca via chegar lá. Estou bem vivida para a minha idade e descobri que se eu quiser, eu posso, inclusive estudar fora e isso mudou a Giovanna”, afirmou a estudante.
“Por meio da educação, da ciência o aluno pode tudo. Essa participação criou um rebuliço na instituição no sentido de que aqui tem potencial de mandar projeto de alta qualidade, ganhar prêmios. Conseguimos mais 11 alunos de diversos cursos para mandar para a feira deste ano”, contou o professor.
O professor Otávio salientou que a participação em feiras científicas permite o contato com outros estudantes, com outras pesquisas sérias e que transformam a vida do estudante, da família.
“Muitos dos nossos estudantes são de cotas e não vislumbram estar lá e agora tem uma oportunidade”, finalizou.