CORONAVÍRUS
Com o afrouxamento das medidas restritivas visando a prevenção do novo coronavírus, o sistema de saúde de todo Paraná começou a entrar em colapso não só estrutural, mas também de profissionais. Após um ano do primeiro caso de covid-19 no Brasil, hoje os paranaenses passam por uma das piores fases relacionadas à doença. Na macrorregião noroeste, onde Umuarama está inserida, a fila de espera por uma vaga em leito/covid ultrapassa 90 pessoas.
Em Umuarama, os 39 leitos covid, entre UTIs e enfermarias para atender toda região, permanecem lotados desde a última semana. Na sexta-feira (26), quando o Governador Ratinho Junior anunciou medidas mais restritivas para tentar frear o aumento de casos, a diretora de 12º Regional de Saúde, em Umuarama, Viviane Herrera, alertou para um futuro trágico “Teremos óbitos e não teremos leito”.
Neste cenário pós festas de fim de ano, férias, carnaval e com nova cepa do vírus circulando no Estado, os profissionais de saúde voltaram a pedir apoio da população visando reduzir a transmissão do vírus na cidade e região. “O que observamos em um ano de covid-19 é que a doença tem curvas. Uma hora decrescente e outra crescente. Esse movimento é principalmente relacionado com as medidas de enfrentamento. Se hoje estamos em uma crescente isso é reflexo do relaxamento das férias de janeiro e carnaval”, explicou a Médica responsável da Ala/Covid da Uopeccan de Umuarama, Carla Dal Ponte.
Carla alertou que a informação tem que ser continuada e persistente, pois a movimentação do vírus segue a atitude das pessoas. “Hoje os profissionais de saúde estão atendendo pacientes de dois períodos, entre janeiro e fevereiro, e como o tratamento é longo o sistema de saúde não consegue resistir. Temos um acúmulo do número de doentes e as vagas são limitadas, então o sistema de saúde entra em colapso”, ressaltou a médica.
Visivelmente esgotada, após um ano de atuação na linha de frente da covid-19, a médica voltou a pedir para as pessoas seguirem as medidas de enfrentamento da doença. “Neste momento precisamos do distanciamento social, o uso da máscara, lavar as mãos, álcool em gel e evitar aglomerações. Outro ponto fundamental é não negligenciar os sintomas da doença, pois é aí que acabamos disseminando a covid-19”, noticiou Carla Dal Ponte.
O pedido é ampliado pelos demais profissionais de saúde. Na última reunião do Centro de Operações de Enfrentamento à Covid-19 (COE Municipal), o infectologista Ricardo Perci, da Secretaria de Saúde, ressaltou que os picos de casos continuam acontecendo após momentos de aglomeração, feriados e viagens. “A falta de leitos é problema até para pacientes com outras doenças. A vacina traz boas perspectivas, mas ainda não chegou para todos, portanto é preciso insistir nas medidas preventivas, no distanciamento, no isolamento voluntário, uso de máscaras e medidas de higiene”, reforçou.
Conforme a secretária municipal de Saúde, Cecília Cividini, o problema maior no momento é a falta de leitos de UTI para atender pacientes contaminados pelo coronavírus com quadro de saúde agravado. “Nossas UTIs estão no limite em toda a macrorregião Noroeste, uma realidade que vem se agravando desde dezembro, e junto com secretários de todo o Estado estamos solicitando ao governo do Estado o credenciamento de mais leitos”, disse.