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ENTREVISTAS

Presidenciáveis defendem solução para crise na fronteira com Venezuela

21/08/2018 00H00

 

Candidatos à Presidência defenderam nesta segunda-feira (20) uma saída rápida para a crise na fronteira da Venezuela com o estado de Roraima. No fim de semana, a cidade de Pacaraima foi palco de cenas de violência entre venezuelanos e brasileiros. Ouvidos na saída de um fórum em São Paulo promovido pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base), quatro dos 13 presidenciáveis disseram que o governo federal deve intervir no problema urgentemente.
Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que "o Estado brasileiro não pode assistir a essa barbárie de braços cruzados" e criticou a governadora Suely Campos (PP). "Estive em Roraima e visitei alojamentos. Pude presenciar a xenofobia, que já vinha sendo estimulada inclusive pela governadora do estado e por parte da imprensa local. Isso foi criando uma inflamação e um clima que se desdobrou nos fatos lamentáveis dos últimos dias", disse o candidato.
O governo local defende que a imigração na fronteira seja suspensa e que os refugiados do país vizinho sejam enviados a outros estados. A gestão Michel Temer (MDB) é contra a ideia. Boulos falou que "é preciso ter uma liberação de recursos para dar condições dignas de acolhimento aos venezuelanos e ao mesmo tempo ter, em conjunto com o governo do estado e as prefeituras, um projeto de integração dos imigrantes à comunidade local".
Marina Silva (Rede) disse também ter visitado o estado e visto a situação precária de abrigos na capital, Boa Vista. "Imagine no município de Pacaraima, que é pequeno, sem infraestrutura, sem as mínimas condições de dar suporte para essa situação de calamidade e desespero da população venezuelana", disse a ex-senadora. A presidenciável culpou os governos Dilma Rousseff (PT) e Temer, dizendo que "o Brasil negligenciou duplamente a situação da Venezuela".
Primeiro, disse ela, "quando por alinhamentos os políticos e ideológicos não ajudou a que não se fosse para essa situação de falta de democracia na Venezuela, com prejuízos enormes para sua população", e agora, pela segunda vez, "quando deixa o problema dos refugiados nas mãos do estado de Roraima".
Segundo Marina, o governo estadual não tem condições de resolver o problema "praticamente sozinho". Ela defende o que chamou de uma coalizão humanitária de países para ajudar os refugiados venezuelanos. Manuela D’Ávila (PC do B), que representou o ex-presidente Lula (PT) no evento, disse que o Brasil deve ajudar a buscar uma saída para o problema, sem interferir na soberania do país vizinho. "Precisamos lutar para que o Brasil retome esse papel de construção de saídas mediadas, saídas pacíficas. Também acho que o que aconteceu no fim de semana é reflexo de uma página que precisamos virar nesse processo eleitoral: a da construção de um discurso de ódio na sociedade brasileira", afirmou a deputada, que faz parte da coligação do petista.
Manuela também fez críticas à postura do Itamaraty sob Temer, dizendo que o governo "largou de mão a tradição diplomática brasileira e passou a agir como um palpiteiro de saídas para a região, inclusive legitimando certo discurso de que as intervenções poderiam ser militares, de países de outros continentes no nosso".
O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, lamentou o êxodo venezuelano e cobrou ajuda do governo federal, mas não detalhou sua posição a respeito da crise. "É muito triste ver a que levou o populismo fiscal na América Latina, especialmente na Venezuela", afirmou. "O governo federal tem o dever de ajudar Roraima, um estado menor e é claro que não tem condições de atender a tantas pessoas. É preciso ser parceiro."
O tucano se colocou contra o fechamento da fronteira. "O Brasil tem uma tradição humanitária de receber pessoas de fora e deve fazê-lo." (Folhapress)