UMUARAMA
O prefeito de Umuarama, Celso Pozzobom, falou com a imprensa em entrevista coletiva às 17 horas desta quasrta-feira dia 5 para esclarecer que não foi preso, ficou a tarde toda na Prefeitura, e disse que foi surpreendido pela operação. O prefeito negou envolvimento e afirmou desconhecer qualquer falcatrua com o dinheiro da saúde vindo para o município. “Eu também sou interessado em ver as denúncias esclarecidas pela justiça”, disse.
Pozzobom informou que a secretária municipal da Saúde, Cecília Cividini, foi exonerada do cargo por orientação do Ministério Público o outro nome será confirmado ainda nesta semana. O prefeito disse que as atividades da Prefeitura não serão interrompidas, principalmente, as ações relacionadas à vacinação e o combate à pandemia do coronavírus.
Em função da operação, a Prefeitura ficou fechada ontem, nem o boletim da covid pôde ser elaborado, mas o atendimento ao público será retomado hoje a partir das 8 horas em todos os setores, inclusive na Secretaria Municipal de Saúde.
Como o Ministério Público não divulgou os nomes dos presos ou de outros suspeitos de envolvimento, o prefeito Pozzobom também não teceu comentários a respeito. Se limitou a falar da exoneração da secretária Cividini, que não teria sido detida, e disse que vai esperar a cópia dos autos para se posicionar sobre as acusações que não foram repassadas para o prefeito nem para o jurídico da Prefeitura.
O prefeito reafirmou que nunca temeu operação semelhante porque não tinha suspeitas nem convicção de algo errado na administração municipal. “Agora eu sou a pessoa mais interessada em esclarecer tudo isso. A gente é gestor de uma equipe muito grande e se alguém fez algo de errado vai ter de pagar por isso”. E mencionou que é prematuro julgar e condenar por antecipação esse ou aquele profissional, seja servidor ou de outro segmento, sem ter os detalhes do processo e das acusações imputadas.
Durante o dia, Pozzobom e outras pessoas que nem chegaram a ser presas ou detidas foram alvo dos julgamentos em redes sociais e apareceram o dia todo como presas. A coletiva do prefeito teve, entre outros objetivos, mostrar que ele, mesmo abalado psicologicamente, estava bem, não estava preso e está disposto a tocar o barco normalmente a partir de hoje dia 5.
A coletiva foi acompanhada pela secretária de Comunicação Social, Letícia D`Ávila Correa, e pelo secretário de Gabinete e Gestão Integrada, Luiz Genésio Picoloto.
Nota do Ministério Público
“Sete mandados de prisão e 62 de busca e apreensão foram cumpridos pelo Ministério Público do Paraná na manhã desta quarta-feira, 5 de maio, em Umuarama, no Noroeste do estado. As ordens foram cumpridas no âmbito da Operação Metástase, conduzida pelo MPPR por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos (SubJur), do núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e do núcleo de Cascavel do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), contando também com o apoio da Polícia Militar do Paraná.
Os nomes dos presos e qual o envolvimento de cada um deles, se na Prefeitura ou nos hospitais da cidade, não foram detalhados pelo Ministério Público.
A operação investiga a atuação de uma organização criminosa suspeita de praticar os crimes de peculato e falsidade ideológica a partir de desvios na área da saúde no Município de Umuarama, além de fraudes em licitações (direcionamento para empresas de interesse do grupo), fraudes em contratações diretas (também mediante favorecimento a empresas ligadas ao grupo), superfaturamentos e corrupção ativa e passiva (com depósitos em contas de investigados e de terceiros). Os possíveis desvios somariam mais de R$ 19 milhões.
Vacinas
No curso das investigações, surgiram elementos indicativos de desvio de doses de vacina contra a Covid-19 para uso de autoridades vinculadas ao Município de Umuarama e seus familiares. Também foram encontrados indícios da aquisição de equipamentos náuticos e da construção de uma casa de veraneio no Balneário de Porto Rico com recursos desviados de entidades filantrópicas da cidade que prestam serviços médico-hospitalares ao sistema municipal de saúde.
Buscas
Com as buscas, autorizadas pela Vara Criminal da comarca e pelo Tribunal de Justiça do Paraná, o MPPR visa à obtenção de documentos para confirmar as provas já produzidas a partir de diligências de campo e de interceptações telefônicas e quebras de sigilos bancário, fiscal e telemático.
Outras medidas cautelares importantes para a continuidade dos trabalhos e para cessar as práticas delitivas foram deferidas pela Justiça, como o afastamento da secretária Municipal de Saúde do cargo, a proibição de investigados frequentarem determinados locais, a proibição de as empresas investigadas contratarem com o poder público e o bloqueio de ativos financeiros.
As investigações foram iniciadas pelo Gepatria de Umuarama, com apoio do Gaeco de Cascavel, no começo de 2020. Diante do envolvimento de suspeitos com foro privilegiado, também atuou na apuração a Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos. (Da Assessoria do MPPR)”