TRIPLO HOMICÍDIO: CAPÍTULOS FINAIS
A Polícia Civil de Umuarama informou que concluiu e remeteu para a Justiça nesta segunda-feira (16) o inquérito que apura a morte do empresário Antonio Soares (65), da esposa, a dona de casa Helena Marra (59) e da filha do casal, a advogada Jaqueline Soares (39), ocorrida no último dia 08, em um sobrado na avenida São Paulo, na área nobre de Umuarama.
Segundo o delegado-chefe da 7ª SDP, Osnildo Carneiro Lemes, falta ainda a juntada oficial de alguns laudos, mas o conjunto de provas levantadas até o momento são suficientes para não deixar dúvidas que o autor do crime seria o marido de Jaqueline, o comerciante Jean Michel Souza (39) anos, preso em flagrante há mais de uma semana. A defesa do comerciante nega que ele seja o autor ou tenha qualquer envolvimento nas mortes.
Entre as novas provas há o testemunho de uma ex-namorada do comerciante que teria confirmado já ter sido agredida fisicamente por Jean Michel e um conjunto de imagens flagradas por câmeras de segurança residenciais e comerciais e também pelas lentes da central de monitoramento da Guarda Municipal que apresentam o trajeto feito pelo carro do suspeito no dia do crime, inclusive com placas, em sua maior parte. O material foi apresentado à imprensa em coletiva realizada no fim da tarde desta terça-feira (17).
Entre os pontos de parada de Jean Michel durante o trajeto está um bueiro no cruzamento da avenida Governador Parigot de Souza com a Rua Floraí, onde o comerciante aparece jogando algo dentro da galeria de águas pluviais. Do local, investigadores do Grupo de Diligências Especiais (GDE) retiraram dois aparelhos celulares que pertencem aos sogros do suspeito, Antonio Soares e Helena Marra, segundo confirmou a polícia.
“Levamos os celulares na Polícia Científica de Toledo, mas por causa da quantidade de sujeira que os aparelhos tinham não foi possível coletar impressões digitais, mas já confirmamos que os telefones são mesmo de duas das vítimas”, esclareceu o delegado-chefe da 7ª SDP, Osnildo Carneiro Lemes. Agora o processo é no sentido de analisar o conteúdo dos aparelhos e apurar se há informações que possam acrescentar à investigação.
A suspeita é que o descarte ocorreu por haver informações que possam comprometer o suspeito, uma vez que o telefone de Jaqueline foi encontrado na cena do crime.
Segundo a Polícia Civil, o comerciante teria estacionado seu carro na rua Bahia, bem próximo da avenida Apucarana, na noite do crime. Então teria subido a pé até a casa dos sogros, localizada na quadra de cima, cometido os crimes e após, voltado para o carro, um GM Astra prata.
“As imagens mostram o carro parado na rua Bahia, depois saindo e entrando na avenida Apucarana até a Presidente Castelo Branco, entrando na avenida Parigot de Souza, dando a volta na quadra da rua Floraí, até parar junto ao bueiro, jogar o objeto, voltar para o carro e ir embora”, explicou o superintendente da 7ª SDP, Aécio Silveira.
Ainda segundo o superintendente, o suspeito teria apagado de seu celular todos os trajetos do dia das mortes, mas a polícia conseguiu recuperar esses dados através do celular da vítima Jaqueline. “Eles usavam uma conta Gmail conjunta. Então a partir do celular da Jaqueline conseguimos acessar todos os trajetos feitos pelo Jean Michel no dia do crime”, explicou Aécio Silveira.
Ainda há pontos nebulosos, como o horário correto em que o crime ocorreu e o que teria disparado o gatilho (motivação) que levou o comerciante a matar a esposa e os sogros, segundo a polícia. “A perícia apurou que as mortes ocorreram no máximo até as 22 horas do dia 08 de agosto, mas não conseguiu apurar o momento exato”, explicou Aécio Silveira.
Mesmo assim, a Polícia Civil afirma não ter dúvidas de que a motivação foi passional, o alvo principal seria Jaqueline e o autor foi o marido, Jean Michel Souza. “Os pais morreram com uma facada certeira cada um. Já a Jaqueline apresentava muitos ferimentos, indicando que o assassino estava com raiva dela”, argumentou Silveira.
A advogada Josiane Monteiro, que assumiu na semana passada a defesa Jean Michel, informou ao Jornal Umuarama Ilustrado que “nós vamos esperar a conclusão do inquérito policial, até agora nada do que foi dito está nos autos. Assim que a autoridade policial concluir e tivemos acesso ao que foi dito, vamos nos manifestar”.
Em entrevistas anteriores a defesa de Jean Michel Souza afirma que ele é inocente, não tem qualquer envolvimento com as mortes e que está tranquilo e sem medo do resultado de exames de DNA.
* Manchas de sangue encontradas com o auxílio de luminol (reagente que ilumina o sangue) na maçaneta esquerda, no volante e câmbio do GM Astra prata, de propriedade do suspeito;
* Pingos de sangue encontradas ao lado do tanque de lavar roupas na casa da mãe do suspeito;
* Uma pegada de um chinelo encontrada na cena do crime que seria do calçado do suspeito. Teste com o luminol apontou positivo para a presença de sangue na sola do chinelo de Jean Michel;
* Testemunho da mãe de Jean Michel que afirmou que o filho saiu de casa no dia do crime. A polícia o comerciante teria dito que ficou em casa e não saiu;
* Testemunhos de amigas de Jaqueline e pessoas próximas às vítimas que afirmaram que o casal teria uma relação conturbada e a advogada já consideraria uma separação e o comerciante e o sogro também teriam desavenças;
* O fato do casal residir em residências separadas;
* Um rodinho com manchas de água e sangue que teria sido usado para puxar água. O assassino teria se lavado com uma mangueira nos fundos da residência após cometer o crime;
* Imagens de câmeras de segurança que refazem o trajeto feito pelo suspeito na noite das mortes;
* Celulares das vítimas
* O testemunho de uma ex-namorada que confirmou à polícia já ter sido agredida pelo comerciante.