PIRATAS DO ASFALTO
A Polícia Federal de Guaíra desarticulou na manhã desta sexta-feira (21) uma organização criminosa especializada a roubo de contrabandistas e traficantes que atuam na região de fronteira e no rio Paraná.
Para viabilizar os roubos os criminosos se passavam por policiais, utilizando falsos uniformes, distintivos, coletes e até mesmo falsas viaturas, realizando abordagens de forma extremamente violenta e com emboscadas e sequestro das vítimas.
No total foram cumpridos 18 mandados, 11 de busca e apreensão e 7 de prisão preventiva, inclusive contra o financiador/receptador do grupo (morador de Cianorte) e o responsável pelo transporte das mercadorias roubadas e carros do grupo até o destino final, que é morador de Umuarama.
Também foram bloqueadas 53 contas bancárias usadas pelo grupo e por laranjas que totalizam mais de R$ 20 milhões, além de 15 veículos usados pela quadrilha. Cinco imóveis, inclusive uma casa de alto padrão em um condomínio fechado em Cianorte, foram sequestrados. Os mandados foram cumpridos em Guaíra, Cianorte, Umuarama e Terra Roxa e foram expedidos pela Justiça Federal de Guaíra.
Segundo o delegado da Polícia Federal Rafael Favreto, responsável pela investigação, o objetivo era atingir o núcleo financeiro da organização, de forma a por fim de maneira definitiva a atuação.
Segundo o delegado, toda a mercadoria roubada pelo grupo era comprada por um morador de Cianorte, que pagava valor abaixo do que o praticado no Paraguai. Ainda segundo o delegado o grupo tinha uma ampla gama de atuação, começando pelo roubo, tráfico internacional de drogas e arma e contrabando e descaminho de eletrônicos e medicamentos. Não foi informado há quanto tempo o bando atuava na região da fronteira entre Paraná e Paraguai.
Segundo a PF, a investigação, iniciada há aproximadamente seis meses pela Delegacia de Polícia Federal em Guaíra. Informações iniciais apontavam que um contrabandista de Cianorte estaria adquirindo produtos importados do Paraguai, como cigarros, eletrônicos e medicamentos, por preços muito inferiores aos que são praticados até mesmo no país vizinho. As suspeitas de que os produtos eram roubados se confirmaram logo no início das investigações.
Segundo a Polícia Federal, os investigados também contavam com a cumplicidade de olheiros e batedores que agiam como verdadeiros agentes duplos, atuando em prol de traficantes e repassando informações aos denominados piratas.
Somente nos últimos seis meses o principal receptador e operador financeiro do grupo apresentou movimentação que ultrapassou R$ 9 milhões, movimentação que revela a intensa atuação do grupo investigado.
Durante as investigações a PF apreendeu armas curtas e longas, todas com adaptações para aumentar o poder lesivo (kit rajada, adaptador para submetralhadora, etc.), coletes balísticos, uniformes semelhantes aos que são utilizados pela polícia e outros acessórios.
As drogas, medicamentos e outros produtos ilícitos roubados pelo grupo eram reintroduzidos no mercado pelos receptadores.
O dinheiro obtido com as atividades ilícitas, além de possibilitar que os líderes tivessem um padrão de vida incompatível com a renda, também servia para abastecer outras organizações criminosas. A investigação revelou, ainda, que grupo fazia remessas semanais de valores através de depósitos bancários para uma facção criminosa sediada em São Paulo e com ramificações na região de fronteira com o Paraguai.
A operação foi batizada de “Interceptor” em referência ao tipo de atividade desenvolvida pelos falsos policiais e contou com a participação aproximada de 60 policiais federais além do apoio aéreo do Grupo de Operações Aereas (GOA) da Polícia Civil do Paraná.
