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Persistência leva aluna de escola pública de Nova Olímpia à aprovação em Medicina na UFPR 

21/01/2023 11H43

Jornal Ilustrado - Persistência leva aluna de escola pública de Nova Olímpia à aprovação em Medicina na UFPR 
Gabrielly optou por estudar em casa com a mesma dedicação e venceu a luta 

A jovem Gabrielly de Oliveira Rossi (24 anos) de Nova Olímpia, acaba de ser aprovada no vestibular de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus de Toledo. E a conquista chega para coroar uma vida de persistência, dedicação e muita fé em Deus. Em entrevista ao Ilustrado, ela fala da superação de estudar em casa, do isolamento na pandemia e da fé inabalável que foi fundamental para superar todos os desafios. E a vitória dela serve de exemplo para quem sonha ver seu nome na lista de aprovados em um vestibular.

Gabrielly, ou simplesmente Gabi, para os mais próximos, diz que o apoio na família foi muito importante na sua trajetória. Destaca os pais, Fábia Eliana de Oliveira Rossi e Vilmar Rossi, a irmã mais nova Natália, o namorado Arthur Farina, além de amigos (as), o pastor Rosemildo Steca e a pastora Adma Freitas, entre outros. “Estudar para um vestibular tão concorrido exige dedicação, mas também é necessário apoio das pessoas próximas”, diz.

Apesar de estudar o dia todo, Gabi soube distribuir o tempo entre as aulas gratuitas que buscou nas redes sociais, depois o curso que comprou de alguns professores, com o tempo para o lazer e orações. Foi uma dedicação em tempo integral, mas sem sobrecarregá-la, para não prejudicar no resultado final.

OS PRIMEIROS PASSOS

Gabi cursou o Ensino Médio no Colégio Estadual Duque de Caxias, de Nova Olímpia, em 2015. Inicialmente ela fez dois anos de cursinho no Colégio Alfa, em Umuarama. Estudava das 7h15 até 21h, de segunda a sexta, e aos sábados até meio dia. Ela lembra que ao final desse tempo estava com o emocional muito abalado, pois não ficava próxima de nenhum vestibular. Fazia vários vestibulares, inclusive particulares: FAG, Unicesumar, UEM, Acafe, Unioeste entre outras, mas sem sucesso.

Já no ano 2018, ela os pais decidiram que seria melhor ir para o Paraguai e estudar Medicina em Pedro Juan Caballero. “Mas, quando um sonho queima em seu coração, não tem como evitar. Nada mais irá te satisfazer. Eu sentia que não era o meu lugar. Por isso, voltei minha atenção e o foco para Medicina no Brasil”, comenta.

A VOLTA PARA CASA

No começo de 2020, quando foi decretada pandemia do coronavírus, Gabi voltou para a casa dos pais em Nova Olímpia, onde também mora a sua irmã mais nova, a Natália. Começava ali o período do isolamento como medida protetiva contra a doença. “Nesse ínterim, tive um encontro com Jesus e algumas experiências que me levaram a tomar uma decisão, sempre com a direção de Deus. Decidi que voltaria a estudar em casa para prestar vestibular. Foi muito difícil ser firme nessa decisão e comunicar meus pais, depois de anos de gastos indo ao Paraguai. Porém eles respeitaram a minha decisão ”, relatou.

NOVA JORNADA

A partir daí, a jovem começou outra jornada. Agora com mais maturidade. Optou por estudar em casa, visto que na época do cursinho sentia-se muito pressionada e os resultados não eram bons. Ela conta que no início, os canais gratuitos de professores no YouTube foram fundamentais. Estudou o restante de 2020 por essas videoaulas gratuitas.

Ela mesma montava o seu planejamento. Fazia uma tabela pelo Word com os dias da semana e planejava cada disciplina e a matéria que seria estudada a cada dia. “Foi aos poucos, mas era uma vontade muito grande -uma força inexplicável, somente Deus para prover”.

Então decidiu fazer vestibular apenas no Paraná e próximo da cidade onde mora. Prestou vestibular para UFPR, UNIOESTE, UEPG e ENEM.

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Gabrielly e o namorado Arthur: parceria 

A ROTINA, DEUS E OS VESTIBULARES

Gabi diz que a rotina era: Acordava às 6 horas, treinava musculação, tomava o café da manhã e começava a estudar das 8 até 11 horas. Voltava às 13h30 e ia até 18 horas. “Sempre tive ajuda do meu pastor Rosemildo e da pastora Adma. Eles foram fundamentais para eu ter sabedoria e não cair na cilada do ‘Estude enquanto eles dormem’. Aprendi a ter tempo de qualidade nos estudos. Aprendi a respeitar o meu corpo. Aprendi a entregar tudo para Deus. Não foi fácil”, recorda.

Dentre as universidades que voltou a prestar vestibular, ela percebeu a progressão e isso deu mais forças para a jovem. Na Universidade Estadual de Ponta Grossa( UEPG), ficou em em 191º lugar; depois na segunda tentativa ficou 111º lugar, no outro ficou em 60º lugar e, por último chegou ao 56º lugar, todos na UEPG.

Depois ela fez o primeiro vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ficou em 19º lugar na lista de espera. “Lembro que chorei de alegria”. Na segunda tentativa ficou em 43º. Esses dois primeiros foram ainda na época da pandemia, era apenas uma fase. E agora, no vestibular que teve o resultado divulgado na semana passada, Gabrielly ficou em 6° lugar na cota de escola pública. Foram duas fases. Uma objetiva e a segunda eram três redações e 7 questões discursivas de Biologia e 7 de Química.

Ela vai cursar Medicina, mas ainda não sabe exatamente qual área atuará. Isso vai acontecer no decorrer do curso. “O meu desejo é que eu seja as mãos de Deus aqui na terra. Particularmente, gosto muito de crianças. Entretanto, vou deixar Jesus mostrar para onde devo ir. Vamos ver qual área vai queimar mais dentro de mim! Com certeza será algo em que eu possa me realizar ajudando o próximo”, conclui.

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Gabi agradece o apoio do pastor Rosemildo e da pastora Adma 

DISCIPLINA E APOIO PARA ESTUDAR EM CASA

“Sempre foi muito difícil lidar com o tempo que fiquei “perdida” por esse caminho. E lá na época do cursinho abri mão de muita coisa e isso só me pressionava ainda mais. Depois, estudando em casa, assistindo aulas no YouTube e, posteriormente comprando cursos de professores que eu realmente aprendia, foi diferente. Mas o fato de estudar em casa não foi tão fácil assim. Precisei ter disciplina. E tive!. Meu pai é metalúrgico e a oficina dele é ao lado da nossa casa. Além disso, do outro lado da casa tem uma academia. Ou seja, aprendi a estudar com muito barulho (risos). Foi uma luta”, disse.

Para voltar a estudar para o vestibular, ela diz que deixou de lado o medo do fracasso. “Deixei de lado a opinião dos outros. E eu lembro que meu namorado, Arthur Farina, falou assim: “a única coisa que te impede de ser aprovada é a sua desistência. Isso foi decisivo. O meu namorado foi essencial nesses três anos. Nunca deixou de acreditar que a vitória chegaria um dia”, afirma.

E revela que “Deus me fez uma promessa, de que eu passaria em uma faculdade pública e eu apenas cri. Não tem como eu contar a minha história sem falar no nome dEle. Aliás, que fique muito claro, a GLÓRIA DISSO TUDO É DE DEUS. Com toda certeza, sem a fé e a intimidade com Jesus essa vitória não seria possível”.

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Gabi com o pai Vilmar, a mãe Fábia e a irmã Natália: a base de tudo, com a graça de Deus 

O CONSELHO DE UMA VENCEDORA

E para quem está sonhando com algum curso, está estudando, está com indecisão ou pensando em desistir, o conselho da jovem Gabi é simples: “se tem algo que queima dentro de você – seu sonho- vá em frente. Persista! Seja forte e corajoso (a). Tenha fé. Tome uma decisão e seja firme nela. Hoje posso falar com propriedade, é inexplicável e impagável o momento da Vitória. A partir de agora creio que outros desafios aparecerão. Só que o meu Deus tem me preparado para essa nova etapa. O processo serve para isso, preparação. Chegou o momento de curtir uma nova fase e, assim como eu curti o processo -por mais que tenha sido árduo esses três anos-, vou aproveitar cada segundo do meu sonho. E creio que isso é possível para todos (as)”.