ESTUDO DA ESTIAGEM
Cidades com racionamento de água, incêndios na zona rural e solos rachados, são situações ocasionadas pela crise hídrica que está provocando a maior seca da história do Paraná. Em Umuarama, o cenário foi estudado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e os dados revelam que a chuva ocorre na cidade, porém de forma abundante em um curto período de dias. Desta forma, os longos espaços de seca vêm dificultando a vida do produtor rural.
Segundo o professor da área de Recursos Hídricos e Agrometeorologia do curso de Agronomia da UEM de Umuarama, João Paulo Francisco, Umuarama apresenta uma media anual alta de chuva, porém o que vem ocorrendo é a variabilidade dessa chuva. “Há 20 anos essas chuvas eram distribuídas de forma uniforme. Agora temos grandes volumes de chuvas, como agosto onde registrou 200 milímetros, em uma semana e depois um longo período de tempo sem chuva”, explicou.
O professor doutor ainda disse que o solo é como uma esponja, sendo que a maior parte das águas das chuvas permanecem no solo. “Vamos imaginar uma chuva com 100 gotas de água. Mais de 60 gostas dessa chuva vão permanecer armazenada no solo e o restante vai para rios e lagos. Se não chove de forma uniforme, o solo seca e se não tem umidade o produtor não pode plantar”, esclareceu.
Marino Rodrigues Campo, produtor rural de Umuarama, espera a chuva para começar o plantio da lavoura da mandioca. Ele explicou que a lavoura era para estar plantada em julho. “Quando veio a chuva a quarenta dias atrás, preparamos a terra, porém não choveu mais. Agora estamos com a terra pronta, a rama tirada, tudo pronto e não tem chuva”, disse o produtor.
O produtor falou que o prejuízo já está instalado, pois o verão deve ser bem quente o que vai judiar da planta. Ainda conforme Marino Rodrigues, nos últimos três anos a seca vem agrando na região, pois ele também atua no setor do leite e está sentindo as mudanças junto a pastagem, que seca mais acada ano. “Hoje estamos com duas atividades que estão sendo prejudicadas diretas pela seca. Só no leite acredito que tivemos uma redução de 30% na coleta”, ressaltou.
Conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) de Umuarama, o plantio de soja que está liberado desde o dia 10 de setembro, em Umuarama ainda não aconteceu devido a seca. No comparativo regional, em 2019 neste mesmo período 3% da soja havia sido plantada, em 2018 os produtores tinham plantado 50% da lavoura e em 2017, também não houve plantio neste período.
A região de Umuarama está localizada em solo arenoso, conhecido como arenito Caiuá, o que promove mais atenção dos produtores para seca. “Quando falamos da região Noroeste, estamos falando de um solo arenoso que não armazena muita água, se choveu essa semana em duas semanas o solo está seco outra vez. Por isso o produtor precisa de manejos conservacionistas adequados”, orientou o professor e agrônomo João Paulo. Francisco explicou que o agricultor está sempre a merce do clima e na região é preciso focar no manejo de conservação de água e solo. “O produtor deve procurar métodos como o plantio direto e integração lavoura pecuária visando acumular por mais tempo a água no solo”, alertou.