Convivência
Ter a oportunidade de resgatar o sentimento de tratar com a terra e os alimentos, além de se sentir útil e integrado a sociedade. Foi seguindo esta visão, que a Universidade Estadual de Maringá (UEM) – campus Umuarama – junto com o Lar São Vicente de Paulo idealizaram um projeto de convivência e assistência para os idosos da instituição.
Na ação os envolvidos produzem hortaliças em um espaço destinado as hortas dentro da UEM. A ideia, conforme o professor do curso de Agronomia da UEM, Rerison Catarino da Hora, é promover uma atividade que minimize as possibilidades da entrada da depressão na vida desses idosos.
“O Lar São Vicente de Paulo entrou em contato com a Universidade, pois perceberam que alguns idosos com capacidade laboral estavam entrando em processo de depressão. Mas como na instituição não havia um local destinado para hortas, estamos trazendo os idosos para o ambiente da universidade”, contou.
Na UEM, oito idosos estão plantando e colhendo junto com os alunos do 4º ano de Agronomia. “Os estudantes contam com a disciplina de horticultura e precisam plantar. Então, dividimos nossa horta, onde os idosos cuidam de um setor. Desta forma, também existe a interação entre as idades, dos conhecimentos e das experiências. Neste universo os idosos desenvolvem as atividades, que tanto queriam”, explicou o professor Rerison.
O projeto funciona em dois dias da semana e estão envolvidos moradores do lar de 66 anos até 84 anos. “Tudo que é produzido pelos idosos eles levam para o Lar São Vicente, que também serve de alimento para os demais moradores da instituição. São mais de cinco espécies de hortaliças que eles estão produzindo com muita alegria”, disse Catarino.
A assistente social do Lar São Vicente de Paulo, Ana Marcela Genaro, contou que nos 40 dias do contato dos idosos com a horta e os universitários já foram notadas mudanças. “A troca de experiências, a autonomia e esse contato com a terra percebemos os idosos mais ativos, mais alegres e consecutivamente saudáveis. Eles estão sorrindo, estão felizes”, ressaltou.
Com um vigor invejável João Pastres, de 84 anos, sorri ao falar do programa. “Aqui é muito bom e gostoso. Ficar parado é só comer e dormir, eu gosto é de trabalha. Mato saudade de quando eu trabalhava na roça, quando meu pai me ensinou a lidar com as plantas”, exclamou.
Anésio Carabia, 66 anos, contou que voltou a ser “gente” depois que iniciou o trabalho na horta. “Aqui eu esqueço das amarguras da vida, pois vida de hospital só traz amargura. Eu lembro de quando eu trabalhava na roça, no sítio perto de Perobal” noticiou.