Eliseu Auth
O bom estadista antevê o futuro para agir no presente. Winston Churchill foi assim. Contra tudo e todos, inclusive se indispondo com conterrâneos, não aceitou acordo de paz com Hitler e preferiu enfrentá-lo. Ele antevia o perigo nazista que pretendia dominar o mundo e preferiu combatê-lo. Churhill é meu grande herói da segunda guerra, ao lado de Franklin Roosevelt e outros.
Falo disso porque me veio à mente o estrago da tempestade que derrubou árvores, arrancou fios e botou o povo de São Paulo num calvário sem energia, sem luz e sem solução. Faltou antevisão, mas teve privatização da Eletropaulo que deu na Enel. Agora autoridades paulistas xingam a Enel e mentem que é culpa do governo federal que não tem nada com isso. São espertos da farâdola privatista que têm culpa no cartório, os mesmos que também privatizaram a Sabesp. A confusão de linhas, fios e cabos serpenteando árvores, postes e prédios, reclama um olhar à frente e ações que ponham em segurança a população paulistana, neste tempo de eventos climáticos extremos.
Não basta chorar. Muito menos só xingar e mentir. A tragédia tem a ver com a omissão de alguém que deixou de fazer a sua parte e deu no que deu. Quem não sabe que a demora no restabelecimento da energia vem do descaso e da diminuição da mão de obra da empresa que substituiu a estatal? A privatizada foi atrás do lucro para o bolso dos acionistas que é sua lógica.
Uma coisa é preciso ter em mente: É falsa a idéia de que o Estado não deve ser dono de empresa alguma. Isso é sofisma do extremado liberalismo que quer vê-lo incapaz de interferir nas relações sociais e econômicas. O “laissez faire” e “laissez passer” desse Estado mínimo quer o “quem pode mais, chora menos”. É o desprezo aos hipossuficientes e aos que mais precisam da proteção do Estado. Se todos os cidadãos têm direito de sonhar e viver com dignidade, o Estado existe para garantir isso. À farândola privatista digo que o Estado precisa de estatais como bancos públicos para subsidiar quem precisa. Digo também que há setores estratégicos de energia e comunicação que jamais deveriam ser privatizados. São questões de segurança nacional. Ponto. Vou m´embora. Minhas reflexões foram para a farândola privatista.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).