Dr. Eliseu Auth

Eliseu Auth

Os sinos das Olimpíadas

29/07/2024 17H33

Jornal Ilustrado - Os sinos das Olimpíadas

     Os gregos, sempre eles. Nossa história tem os sinos deles. Para culto da civilização ocidental, inventaram a liberdade e a democracia, nos deram o Belo, o gosto pelo universal e ainda nos incitaram a pensar. Inspirados nos mesmos deuses agrupados no Olimpo em torno de Zeus, também inventaram os jogos olímpicos para congraçar suas cidades e gentes. E essas competições se tornaram hábito e interromperam guerras com suas “tréguas sagradas”.

     Se é feliz a ideia de usar o esporte para incluir, confraternizar e unir povos,  o mundo civilizado fez e faz bem em copiá-las, celebrá-las e revivê-las de quatro em quatro anos. Somos os cinco continentes e precisamos conviver e nos respeitar. No encontro olímpico da diversidade é que se aprende a tolerá-la e conviver com ela. Sempre pode haver cretinices como a de Adolph Hitler na olimpíada de Berlim, nos idos de 1936. Lá, o sanguinário escancarou ao mundo seu racismo doentio e não aceitou a vitória de Jesse Owens, um atleta norte-americano que era negro. Mas, todos viram, “ictu oculi”, à sua frente e ao vivo, que não há raça superior, nem mesmo a ariana que o ditador nazista julgava acima das outras, matando judeus, negros, ciganos e adversários.

     Quem viu a abertura da olimpíada encantou-se com as mensagens de inclusão e acolhimento de povos e nações que navegaram pelas águas do Sena e pousaram no alto da torre Eiffel. Lá temulam e clamam para o mundo ver e aprender. Revivemos a França de pujante história em favor do pensamento e da civilização. A França da Notre Dame, do Iluminismo e das lutas contra o absolutismo. Da Sourbonne, Victor Hugo, Montesquieu, Rousseau, Descartes e Comte. De Marcuse, Chardin, Pascal, Michel Foucault, Voltaire, Charlotte Corday e da libertária Simone de Beauvoir. De Jean Paul Sartre, Albert Camus, Pasteur e tantos outros que brilharam e iluminam o mundo civilizado.

     Fraternidade, tolerância, respeito ao semelhante, dignidade do ser humano, seja ele quem e como for,  princípios que só a Democracia fincada na lei, pode garantir. É por tudo isso que dobram os sinos das Olimpíadas.

     (Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).