O que precisa ser dito e redito

Eliseu Auth

Não gostaria de voltar a certo assunto, mas preciso abordá-lo por dever de consciência. Precisa ser dito e redito. O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” sabe o que penso. Ele é equilibrado, inteligente, democrata e quer o melhor para o país. Por isso, até para me solidarizar, reflito o que segue.

Começo pelos que querem distribuir armas a população. Isso é insensatez falaciosa, cruel e perigosa. Em vez de segurança, gera ódio e dá em mortes. Armas açulam a violência. E das mãos de quem não sabe majejá-las, vão parar na bandidagem da milícia e do tráfico. Segurança é com o poder público. Foi ridículo que um ex-ministro da Educação que é pastor, tenha sido flagrado com revólver em um aeroporto, onde deflagrou um tiro. Arma pra quê? Acho que quis agradar o presidente da República que prefere fuzil ao feijão.

Pasmem! Há quem bota o evangelho para justificar armas. Tira do contexto, Lucas, 22. Aí omite que um discípulo teria cortado a orelha do grão-sacerdote, sendo prontamente advertido por Jesus. O Mestre ainda curou o ferimento. Para quem crê, o texto bíblico manda amar a Deus sobre todas as coisas e ao próxmo como a si mesmo. A passagem é muito bem analisada pelo lúcido jornalista Reinaldo Azevedo em “O é da coisa”, da rádio Bandeirantes.

Loas ao Supremo Tribunal Federal que vem defendendo o Estado Democrático de Direito e condenou o deputado que o atacou e ameaçou seus integrantes. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão e não tolera ameaças, coisa que é crime. Que tempo é este? Cícero bradaria no Senado: “In qua urbe sumus?” Os extremistas não querem limites para seus ataques e destilam ódio ao próximo que não pensa como eles. Chamam de “comunista” quem deles discorda. A propósito, entre os que defendem a Democracia e os que querem a volta da ditadura, quem é o comunista? Alguém já viu essa gente condenar o ditador Putin que invade, sangra e destrói a Ucrânia?

Finalmente, um viva ao Tribunal Superior Eleitoral que rechaçou a ridícula sugestão de Bolsonaro que quer apuração paralela do Exército. Urnas não são missão os para quartéis. Elas têm essência civil. O sistema brasileiro é seguro e transparente. Nunca houve uma fraude e não tem sala secreta. Encerro aqui. O que falei não é novidade, mas precisa ser dito e redito.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).