Eliseu Auth
Gosto muito das matérias do jornalista Ariel Palácios que é de Londrina. Há razões para isso. Ele torce para o time do Londrina como eu porque morei em Florestópolis e Porecatu e conta histórias deliciosas sobre a nossa América que conhece como ninguém. Recomendo seu livro “América Latina – lado B” que tenho na minha biblioteca e que me inspirou para esta reflexão com os ilustrados leitores do “Umuarama Ilustrado”.
Preciso ser sincero e dizer que lamento que a vida seja tão fugaz e passe tão rápido. Se Deus não nos criou eternos e nem perfeitos, é bom que pensemos nisso e nos comportemos de acordo com isso. Gente como Pepe Mujica que partiu para a eternidade na semana passada, nem deveria morrer. Deveria ficar aqui para dar exemplo de convivência entre as pessoas, ensinar tolerância, amor ao próximo e respeito na convivência política, econômica e social do nosso dia a dia. Não deveria ir embora não. Nunca antes, aqui e no mundo inteiro, a gente viu tanto ódio e tanta intolerância. Parece que não tivemos família, nunca escutamos os ralhos de uma mãe e nem dobramos os joelhos para ouvir e aprender os ensinamentos do doce Nazareno.
Citei o Mujica porque ele é a síntese do homem bom. Se Platão vivesse, botá-lo-ia como paradigma no seu mundo das idéias. Que história é a dele que, de guerrilheiro tupamaro contra a ditadura no seu Uruguai, foi à cadeia por 13 anos. Depois saiu de lá, mensageiro da paz, da tolerância e do amor ao próximo. Ele, caboclo puro e simples que experimentou a crueldade da tirania, botou a democracia no seu imperativo categórico. Não deveria ter ido embora deste mundo para ficar como exemplo de convivência entre todos, sejam ricos ou pobres, de direita ou de esquerda. O mundo precisa de gente como o caboclo Mujica para testemunhar em favor da civilidade. O exemplo do Uruguai que ama a democracia na alternância do poder e na harmonia das visões mais ou menos keynesianas, mostra ao mundo o legado do caboclo.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).