Umuarama

Aniversário de Umuarama

O Ilustrado e a história de Umuarama, de mãos dadas

27/06/2022 15H16

Jornal Ilustrado - O Ilustrado e a história de Umuarama, de mãos dadas
O diretor do Jornal Umuarama Ilustrado, Ilídio Coelho Sobrinho, conta um pouco da história de Umuarama

O Jornal Umuarama Ilustrado completa 49 anos de existência em 2022 e esteve presente na maior parte da história de Umuarama, que hoje (26), chega aos 67 anos de vida.

Para celebrar a data nada melhor do que relatar em primeira mão fatos históricos vividos no momento em que ocorreram e que fortaleceram a parceria entre a cidade, o Ilustrado e você, leitor.

E para contar essa história de unicidade, o entrevistado de hoje é o jornalista e fundador do maior jornal do Noroeste do Estado, Ilídio Coelho Sobrinho.

Aciu

E o primeiro fato que se recorda, de pronto, é a fundação da Associação Comercial e Industrial de Umuarama (Aciu), em 1.964. “O primeiro presidente eleito por voto direto foi o advogado Luiz Catarin”, contou.

O crime

Hoje, com recém completados 74 anos de vida, Ilídio ainda se lembra da primeira reportagem policial que cobriu, no início da década de 1.970. “Lembro que foi algo que me chocou muito. Naquela época a cidade tinha a Zona de Baixo Meretrício, a ZBM, que funcionava na região que hoje é da praça Brasília. Um cliente matou uma das mulheres que trabalhava no local. Ele cortou o pescoço dela. Foi muito feio”.

Rudimentar

Ele relembra que naquela época, tudo era muito artesanal e o que atualmente é conhecido por milhares em tempo real, apenas com um click na tela, demorava dias para ser publicado e distribuído entre os leitores.

“Tudo era muito rudimentar e demorado. Para fazer o jornal, tinha caixas com as letras em chumbo. Para escrever uma palavra, era preciso montar com cada uma das letras. Demorava uma eternidade montar uma página. E quando comecei, o Ilustrado não era impresso aqui. Era em Curitiba. Embarcava na quinta-feira para a Capital, imprimia e depois voltava para distribuir”, relembrou Ilídio.

Jornal Ilustrado - O Ilustrado e a história de Umuarama, de mãos dadas
O diretor do Jornal Umuarama Ilustrado, conta um pouco da história de Umuarama

O Ilustrado

Quando começou a ser impresso, em 1.973, o Ilustrado era mensal. Aos poucos passou a ser quinzenal, semanal, bi-semanal, tri-semanal até se tornar diário e ser entregue todos os dias ‘quentinho’, na sua porta, leitor. “Para fazer a cobertura dos fatos na região, pegava carona. Eu não tinha carro na época”, contou Ilídio. Ele participou da primeira eleição na maior parte dos municípios da nossa região e hoje ostenta o título de Cidadão Honorário delas, de Umuarama e também do Paraná.

PR-323

Em Umuarama, lembra da campanha civil comandada pelo advogado, então recém-formado, Renato Fontana, para que a estrada entre Umuarama e Maringá fosse pavimentada.

“Na época demorava dois ou três dias para fazer esse trajeto e de Jeep. O dr. Renato Fontana, da Casa Santa Catarina, que encampou a luta e mobilizou todo mundo. Eu mesmo fui várias vezes com ele em Curitiba. Na época o governador era o Paulo Pimentel e o prefeito João Cione. Chegamos a ser mal tratados mesmo no Palácio Iguaçu, mas no final o Pimentel cedeu a pressão e autorizou que fosse feito o asfalto na estrada, que hoje é a PR-323”, afirmou.

O início

O caminho de hoje é bem diferente de quando esse mineiro, de Governador Valadares, chegou na Capital da Amizade, quando tudo era mato e os caminhos abertos eram ‘picadas’. “Minha família veio para cá em 1.951, de Paranavaí. Ficamos um tempo em Cruzeiro do Oeste, em uma casa nos fundos da residência do ex-prefeito João Ferreira. Depois meu pai conseguiu um trabalho para cuidar de uma fazenda na estrada São Paulo (saída para Xambrê), que era do Issa Nacle, irmão do deputado Fuad Nacle”, relatou.

A comunicação

Nessa época, Ilídio ainda era pequeno e foi justamente no Paraná que nasceram seis dos seus nove irmãos. Alguns anos depois a família Coelho foi para Alto Piquiri, desta vez, tentar a sorte no comércio e em 1.963 voltaram definitivamente para Umuarama. Ainda na adolescência Ilídio começou seu namoro com a comunicação.

Rádio Cultura

Uma banda, a The Jet Boys, e um programa na recém-inaugurada Rádio Cultura AM. “Foi meu primeiro emprego com carteira assinada. Durante a tarde fazia o programa na rádio, voltado para o público jovem e pela manhã meu pai me colocou para trabalhar em uma loja de calçados, que era do sr. Namén, ficava bem próximo a praça Arthur Thomas. Aos domingos ainda tinha um programa com música e entrevista com cantores daqui, o Festa dos Brotos”, relembra saudoso. A emissora funcionava no primeiro piso do prédio onde até hoje funciona a loja Fios Dourados, no entorno da Praça Santos Dumont.

A Gazeta de Umuarama

E ainda conseguia disposição para trabalhar no escritório de advocacia do dr. Júlio Tonin. “Com ele foi que aprimorei meu gosto pela leitura e pela escrita”, relembrou. Foi nesta época que o empresário Lúcio Pipino, que tinha uma gráfica, fundou o primeiro jornal de Umuarama, A Gazeta de Umuarama. O periódico era impresso em um mimeógrafo e distribuído na cidade. E Ilídio Coelho começou a sua carreira na imprensa escrita, com uma coluna chamada “A Sociedade”.

Parcerias

“Nessa época achava bonito escrever com palavras rebuscadas e foi a minha professora, a dona Odele de Almeida que me orientou a escrever de forma mais simples e ameno para as pessoas entenderem”, recordou.

Ainda neste período Pipino resolveu passar o jornal para frente, e quem assumiu foi Dovanir Cândido da Silva em sociedade com Ilídio. ‘Ele tinha a maior parte. E também foi nesta época que fui para Guaíra, onde servi. Quando voltei, no ano seguinte, eu e o Mauro Cueto Donha, que trabalhava no Escritório Record, que passamos a tocar A Gazeta de Umuarama”, relatou.

Geada negra

Quatro anos depois, Ilídio Coelho deixou a sociedade e em 1.972 fundou do jornal Umuarama Ilustrado. Na década dos anos de 1.970, um dos fatos locais considerados mais importante pelo jornalista foi a geada negra, que em 1.975 castigou o Paraná e dizimou as plantações de café, levando a um colapso econômico. Para Umuarama foi horrível. A cidade tinha uma super população, tipo uns 150 mil habitantes e disso definhou para 30 a 40 mil pessoas. Houve uma migração foi muito para a região Norte, como Mato Grosso e Pará”, resumiu.

Unipar

Ilídio acredita que boa parte da recuperação econômica, que foi ocorrendo aos poucos, deve-se ao empreendedorismo dos empresários Cândido Garcia e José de Oliveira, criadores da Universidade Paranaense.

Mas o início foi como a Associação Paranaense de Ensino e Cultura (APEC), que resultou na fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Umuarama (Fafiu) até se tornar a Unipar. “Eles salvaram Umuarama com o trabalho deles”, afirmou.