Dr. Eliseu Auth

Eliseu Auth

O Estado que cuida de todos

24/06/2024 21H07

Jornal Ilustrado - O Estado que cuida de todos

Eliseu Auth

Nossa língua tem palavras que significam quase tudo. Coisar, por exemplo, diz fazer qualquer coisa. É um bom recurso para esquecidos como eu. De fato, nem lembro se esse verbo foi abordado por meus bons professores de português no seminário. Sim, os padres Ivo Kreutz e Olmiro Hartmann foram ótimos e se não aprendi mais, é culpa minha. Meu coração sempre será grato  aos meus mestres e me honro muito em ter como leitores das minhas reflexões semanais no “Umuarama Ilustrado”, o Bispo D. Orlando Dotti e o Padre Lauro Buettenbender que foram meus professores de Lógica e Geografia.

Feito o registro de gratidão a quem me ensinou, vou ao que quero refletir com o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”. Começo parabenizando a Ordem dos Advogados do Brasil que aprovou um parecer contrário ao PL do estupro, chamando o de grosseiro, retrógrado e desconexo da realidade social. Disse-o atroz e persecutório a meninas e mulheres estupradas, semelhante às medidas adotadas no século 17, onde mulheres eram queimadas na fogueira por serem consideradas bruxas. Ainda sinalizou que proporá ação de inconstitucionalidade, caso de aprovação da PL do estuprador. Alvíssaras!

Tenho gratidão ao saudoso João Calixto de Medeiros, grande educador paranaense dos idos de oitenta que dizia Lincoln o maior dos presidentes americanos. Tenho dúvidas porque acho Franklin Delano Roosevelt de igual estatura. De fato, Roosevelt, além de nos livrar do flagelo nazista, deu lições de como deve ser um Estado que cuida de todos e não só dos poderosos.  Abandonou o Estado mínimo até então cultuado, fez o “New Deal” e o botou para socorrer a economia, empresas e empregos, na grande depressão dos anos trinta. Ali, deu mostras que precisa sim intervir na economia, assegurando a livre concorrência, garantindo o equilíbrio e freando os apetites dos fortes e especuladores do capital. No parágrafo, dou um exemplo atual e icônico.

Vimos o flagelo das inundações do nosso querido Rio Grande. Como ele é o grande produtor de arroz, o que se viu com a tragédia foi o encarecimento do bom cereal, na perspectiva de que faltaria. A ganância especulou e fez entrar em campo o estado keynesiano que somos aqui, importando o produto para garantir o arroz mais barato no prato dos brasileiros. A especulação não gostou. Azar dela. É assim que tem que ser o Estado que cuida de todos.

     (Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado.)