Eliseu Auth
O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” acompanhou o esquema dentro do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), onde empresas e espertalhões se apropriavam de descontos não autorizados de aposentados e pensionistas. Malandragem confirmada, estaremos diante de um gravíssimo esquema de corrupção. Alguém lá de dentro da estatal autorizou os descontos não consentidos e outro alguém se apropriou de dinheiro alheio.
Claro. Tudo precisa ser investigado. O que se sabe é que o esquema vinha de 2019, lá do governo anterior. Para ser justo, é preciso reconhecer que o governo atual, ao tomar conhecimento dos fatos, deu publicidade e mandou apurá-los. É o que deve fazer qualquer governo que se quer digno e honesto.
Acho que caberia um elogio à Polícia Federal, à Controladoria e Advocacia Geral da União, bem como ao Ministério da Justiça. Seria um incentivo até didático para a tarefa de grande extensão que pode doer na própria carne. Que doa, mas saibam que o malfeito vai ser descoberto e responsabilizado. Quem não é correto por princípio, vai ter que suportar o chicote da lei. Se faltou cautela para autorizar os descontos, redobre-se-a com a responsabilização dos eventuais criminosos, coniventes e omissos. Sempre os lesados terão direito à reparação que deve ser cobrada de fraudadores e culpados pela indecência.
Infelizmente, uma parte da imprensa faz um papel hipócrita. Tenta empurrar a fraude para o governo que a detectou e a investiga. Deveriam ser coerentes e fazer um elogio à apuração e não insinuar culpa para quem cumpriu a obrigação. Sim, ser honesto é obrigação, inclusive para a imprensa que escreve, fala e deveria mostrar os fatos. Essa gente que torce e retorce os acontecimentos é a mesma que odeia governos com visão social. São sabujos das elites, impiedosos com a pobreza e afáveis com a fidalguia do capital. Na esteira dessa sabujice exigem cortes nos gastos com programas sociais como bolsa-família, reajustes no salário mínimo, investimentos em saúde, educação e outros. É uma maldade que bajula o mercado e seus ricos especuladores, mas não dá um pio sobre os 52 bilhões de emendas parlamentares que deputados e senadores tomam do orçamento. Tomara que um dia entendam o que é o amor ao próximo. Aí pedirão perdão e farão o elogio que faltou.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).