Eliseu Auth
Há alguns dias, o “Umuarama Ilustrado” trouxe uma reportagem sobre os suicídios da região. Os números aumentam e nada menos que 20 pessoas se suicidaram neste ano. Segundo o psiquiatra Guilherme Derenusson, de cada dez mortes, nove poderiam ser evitadas. Em Umuarama panfletos foram às ruas para falar da prevenção desse drama tão doído.
Acho que todos nós tivemos um conhecido ou amigo que se suicidou. Na infância, lembro bem, Aluísio Müller se matou. Aquele homem de posses e bem visto foi enterrado longe dos outros túmulos do cemitério da Linha Salto. Não entendia essa reprovação e nem o gesto do homem que era dono de uma fazendinha de gado que a gente passava para nadar no rio Santo Cristo.
Imaginem o drama de quem chega ao ponto de se agredir até a morte. Problemas se juntam e acumulam para isso. Transtornos mentais e bipolares, depressão e outros apagam a luz do fundo do túnel da vida. E aí, não sei se por coragem ou covardia o pobre ser humano comete o gesto insano de se matar.
Em rápida pesquisa vê-se que a história registra muitos suicídios. Aqui, nesta terra de Santa Cruz, o mais lembrado é o de Getúlio Vargas. Na Grécia talvez seja o de Sêneca que cortou os pulsos e foi seguido por sua mulher. Roma e Grécia antigas tinham preocupação com o número de suicídios e tentaram diminuí-los com humilhações. Em Mileto determinaram que cadáveres de suicidas fossem expostos na cidade. Em Roma, Tarquínio, o soberbo, determinou que corpos de suicidas fossem crucificados e deixados à mercê de animais selvagens. Já os “wikings” da Europa não tinham o mesmo sentimento e acreditavam que mortos em batalha e suicidas subiriam ao paraíso que chamavam de “Valhalla”. Esquimós consideravam o suicídio um ato virtuoso enquanto os índios astecas também davam boas vindas a quem se oferecia aos deuses em rituais de morte ou perdesse a vida em batalha.
Hoje, é emblemático o suicídio dos fanáticos homens-bomba do islã que se explodem e matam a quem julgam infiéis. O que se vê é que religiões, crenças e crendices formam visões de mundo no campo suicida. Dá para concluir que nelas encontra cor, forma e valor o drama dos suicídios.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).