Eliseu Auth
Todos conhecem a triste história do goleiro Bruno. De sucesso no Flamengo, onde brilhava como goleiro, em 1910 viu a carreira interrompida pelo envolvimento com Eliza Samúdio com quem teve um filho. Consta que se desentenderam e brigaram por causa da pensão alimentícia. Elisa desapareceu em Minas Gerais, terra de Bruno. E tudo indica que foi morta lá mesmo. O corpo nunca apareceu e suspeita-se que tenha sido esquartejado e dado a cães ou então concretado n´algum lugar. Bruno foi indiciado, preso, processado e condenado como mandante de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Pena: 20 anos e 09 meses de reclusão.
Uma história de horror que Bruno sempre negou. Fortes indícios o levaram à condenação. Aí cumpriu a pena até chegar ao regime semi-aberto. Neste regime, o condenado pode cumprir a pena em liberdade, desde que trabalhe licitamente. Agora, Bruno quer voltar a trabalhar como goleiro de futebol. E o Operário de Campo Grande – MS quer contratá-lo. Mas, a reação popular é contrária. Um dos fundamentos é que como sendo jogador de time com torcida pode ser um ídolo e paradigma de jovens e crianças.
E agora? O ilustrado leitor do Umuarama Ilustrado, como resolveria o dilema? Há razões para lá e para cá. Vou me socorrer de um episódio que a história conta. John Dillinger foi um dos maiores “gangsteres” dos Estados Unidos e muitos o idolatravam porque só assaltava bancos. Nasceu no interior de Indianápolis, onde casou com uma camponesa com quem teve uma filha. Certo dia, ele e um amigo teriam assaltado uma taberna. John jurava que não queria o latrocínio, mas ambos foram condenados a longos anos de prisão. Com liberdade por bom comportamento, voltou à casa onde só encontrou o pai adoentado. A esposa e a filha haviam desaparecido. Desolado, queria trabalhar, mas era ex-detento… Aí voltou ao crime com antigos colegas de cela. Nem preciso dizer como eu resolveria o dilema do goleiro Bruno.
( é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).