Umuarama

INFORME UEM AGRÍCOLA

O cultivo de plantas em casa no período de pandemia

07/06/2020 06H23

Prof. Dr. Rerison Catarino da Hora

Doutor em Horticultura pela UNESP – Botucatu

Atualmente Professor da UEM do Campus de Umuarama

Quem haveria de imaginar que a história da humanidade teria um novo capítulo a ser escrito, com a necessidade de adotarmos costumes já esquecidos. Quem haveria de imaginar que teríamos de aprender lições básicas, importantes para sobrevivência. Assim tem sido a vida para muitas pessoas em todo mundo, revelando cada vez mais a necessidade de se manter uma relação entre o tripé sociedade-meio ambiente-economia. O isolamento social, além de necessário, tem provocado em muitas pessoas sentimentos de ociosidade e angústia, sentimentos esses que podem ser reduzidos com a adoção de atividades simples como o cultivo de plantas em pequenas áreas dentro de casa.


O cultivo de plantas em quintais das residências sempre foi uma prática adotada em décadas passadas, porém com a necessidade do aumento da renda familiar esse costume foi se perdendo devido ao tempo e dedicação que essas plantas exigiam.

No entanto, nesse período de pandemia, muitas pessoas têm procurado o cultivar plantas em casa, seja para o preenchimento do tempo, de espaços ociosos dentro do imóvel ou até mesmo como atividades de terapia. O cultivo de flores, alguns tipos de hortaliças, condimentos e plantas aromáticas e plantas medicinais são aquelas mais utilizadas nessas atividades, porém a escolha da espécie deve seguir alguns critérios para que o trabalho dispensado para tal não provoque sentimentos de frustração ao não conseguirmos levar o cultivo dessas plantas até o final, seja para colheita ou simplesmente decorando os espaços.

SIGA AS ETAPAS

A primeira etapa para o cultivo dessas plantas é a escolha do ambiente, devendo-se observar as condições de luminosidade, acesso para manutenção das estruturas da planta (ramos, folhas, flores, frutos, etc), retirada do mato, manutenção do solo (adubação, irrigação, ornamentação, etc), controle de possíveis pragas e doenças e por fim a necessidade de colheita. A dificuldade de acesso ao local escolhido pode impedir ou dificultar que os manejos essenciais para sobrevivência das plantas provoque a frustração por parte de quem esteja empenhado a cuidar, devido a pequenas respostas de desenvolvimento das plantas, provocando em alguns casos o sentimento de desistência pelo cultivo.


A segunda etapa está relacionada à espécie que se deseja cultivar. É necessário que se tenha o mínimo de conhecimento sobre a espécie, para que conjuntamente ao local escolhido, possamos optar por aquela que melhor se enquadre às condições oferecidas. Para isso, é necessário conhecermos as exigências e necessidades de luminosidade, as quais poderíamos dividir em: plantas de pleno sol (são aquelas que não toleram sombreamento); plantas de meia sombra (são aquelas que permitem que se tenha sombra em pelo menos um período do dia) e as plantas de sombra que são aquelas que sobrevivem em condições de baixa luminosidade podendo serem cultivadas nos interiores das residências, geralmente essas espécies na sua grande maioria são folhagens ornamentais.

Algumas espécies são mais utilizadas, em especial os condimentos do tipo cebolinha, coentro e salsinha chamados de cheiro verde, bem como as plantas aromáticas como manjericão roxo ou verde, tomilho, orégano, alecrim, hortelã entre outras. Também é possível o cultivo em casa de plantas medicinais que são utilizadas na confecção de bebidas quentes ou geladas, como boldo, funcho, erva doce, erva cidreira, camomila entre outras. Hortaliças como mini tomate, rúcula, alface, almeirão, rabanete são algumas espécies com menor grau de exigência de tempo e manejo. E há ainda as flores que se adaptam muito bem a vários ambientes que além de promover a distração também enfeitam o seu dia-dia.

A terceira etapa está relacionada à necessidade hídrica da espécie escolhida. É bastante comum as pessoas por não terem o hábito de cuidar de plantas, em alguns momentos se esquecerem de que elas necessitam de serem irrigadas e só percebem essa necessidade quando a planta atinge o seu ponto de murcha permanente (etapa em que a irrigação não mais conseguirá trazer sua planta de volta, pois ela morreu por falta de água). Assim sendo, é preciso verificar o quanto a planta de sua escolha é exigente em termos de quantidade e frequência de irrigação para que atitudes sejam tomadas quanto a esse manejo.

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Plantas cultivadas em solo (no chão) tendem a serem mais tolerantes ao stresse hídrico quando comparadas àquelas cultivadas em substratos que apresentam menor capacidade de retenção e maior necessidade de reposição de água. Porém, solos sem a presença de material orgânico também apresentam dificuldade de manutenção da capacidade hídrica. Nestes termos, é preciso se estudar qual a melhor forma de se ofertar água às suas plantas, seja pela simples irrigação com a mangueira ou a necessidade de adoção de estratégias para o fornecimento constante de água.

Quarta etapa: Já escolhido o ambiente, a espécie, as características e exigências das plantas, agora é o momento de verificarmos o local em que essas plantas serão cultivadas. Para aquelas pessoas que decidirem cultivar em vasos ou floreiras é preciso tomar alguns cuidados, com a escolha do material utilizado para preenchimento, tamanho e volume desses vasos ou floreiras; número de plantas por recipiente e tipo de material (plástico, fibra de côco prensada, barro cerâmico, vasos autoirrigantes). Recipientes de coloração escura tendem a aquecer mais em condições de exposição ao sol, havendo a necessidade de maiores cuidados com a água. Recipientes de barro retêm mais umidade e o excesso de irrigação pode provocar a formação de lodo e apodrecimento de raízes em caso de drenagem ineficiente.

Tem-se ainda a opção de cultivos hidropônicos e semi-hidropônicos para cultivo de algumas dessas espécies anteriormente citadas, em pequenas escalas. Nestes casos, haverá a necessidade de acompanhamento técnico principalmente no que se refere à nutrição das plantas, além dos espaços exigidos serem maiores. As chamadas hortas ou jardins verticais também são opções viáveis porém o planejamento deve ser realizado com muito mais cuidado e atenção devido aos custos de implantação e necessidade de tempo para o manejo e condução desses sistemas.

Por fim, é importante dizer que antes de iniciarmos algumas dessas atividades, um profissional da área seja consultado para que possamos adotar a melhor estratégia e reduzir os riscos de frustração.