Dr. Eliseu Auth

Eliseu Auth

O caso do Bosque Uirapuru

06/03/2023 18H59

Jornal Ilustrado - O caso do Bosque Uirapuru

Eliseu Auth

O ilustrado leitor se chocou com os assassinatos do caso conhecido como “matador do bosque” aqui de Umuarama. Tudo está sendo investigado e a polícia diz que ele já confessou 4 mortes. Se tudo for confirmado não dá para dizer que se trata de matador em série, mas faz lembrar “serial killers”. Motivação e origem vão dizer o crime que é. Hungria chama isso de misteriosa etiologia porque é complexo podendo chegar à imputbilidade de que trata o artigo 26 do Código Penal. Sempre há um motivo, ainda que “serial killers” possam matar por prazer em virtude de suas anomalias psíquicas.

Li, no Ilustrado” de 26.02.23 que o autor disse que matou dois porque “estavam lhe perseguindo”. Dos quatro que matou, dois enterrou no bosque Uirapuru e dois na zona rural. Pode estar revelando traços de esquizofrenia com transtorno mental e comportamento bizarro, circunstância que a polícia científica deve aclarar. Ao ver a alegada “perseguição”, lembrei Gaspar Arévalo, meu professor de Medicina Legal no curso de Direito. Ele lembrou um exitoso advogado que mudava de endereço porque supunha estar sendo perseguido por vizinhos. Aí mudava de endereço e o medo persistia. Deixou seu estado natal e foi morar no Rio. Escolheu um apartamento que dava para o mar, só que a síndrome de perseguição persistiu. Aí saiu do Brasil e foi morar num hotel em Londres. Lá também se sentiu-se ameaçado por um vizinho de quarto. Com medo, esperou-o na escada e o matou a tiros. Não estou falando que é o caso aqui de Umuarama. Só quero concordar com Hungria.

Não faço juízo. Cabe à polícia e ao Ministério Público dizer os motivos. Mesmo não sendo, as mortes daqui fazem lembrar assassinos por desvios psíquicos. Na minha biblioteca tenho “Arquivos – serial killers: Louco ou cruel?” de Ilana Casoy. Ela conta casos notórios no mundo inteiro. Cita que no México um criminoso confessou ter matado mais de cem vítimas. Na China o “Cidadão X” pode ter cometido mais de mil mortes. Em 1999, a polícia paquistanesa caçava um homem que dizia ter assassinado cem crianças. Na Colômbia Pedro Alonzo Lopes matou mais de trezentas pessoas. Moses Shitole, da África do Sul, matou 38 mulheres. Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, assassinou 48 meninos no Brasil. (op. cit. pág. 43). Pode não se tratar disso, mas estamos assustados com o caso do Bosque Uirapuru.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).