Eliseu Auth
Se tivesse vivido na França dos enciclopedistas, teria me juntado a essa corrente cultural e filosófica. Rousseau, Voltaire, Montesquieu, D´Allembert, Diderot e outros difundiram idéias de liberdade, fraternidade, igualdade para o mundo. Vem deles o bordão que inscreveram no pavilhão nacional da França: “Liberté, fraternité, égalité”. As idéias desses pensadores fomentaram a repulsa ao totalitarismo representado pelos reis que governavam as Gálias e grande parte do universo. Foram essas Idéias de liberdade de pensamento e governo popular que deram origem à revolução francesa que começou pela queda da Bastilha em 1789. Dez anos depois os revolucionários dariam lugar a Napoleão Bonaparte que tomou o poder.
Se o governo revolucionário durou pouco, as idéias libertárias vieram para ficar. A revolução fincou um marco na história e arejou o mundo com novos paradigmas. Junto veio o Estado republicano. Duas forças formaram a assembléia revolucionária: a dos moderados girondinos que eram contra as execuções e a dos fanáticos jacobinos. Estes dominaram a assembléia e Marat passou a dirigir a revolução como ditador sanguinário que mandava ao cadafalso quem dele discordasse. Só no setembro negro de 1792 foram executados mais de duzentos mil franceses. A sangria só parou quando a girondina Charlotte Corday lhe cortou a jugular.
Volto ao tempo atual. O viés totalitário aqui e mundo afora reage às leis e aos códigos. Surgem ditaduras e ditadores que desprezam as lições da revolução francesa. Alguns até eleitos, só conhecem o linguajar da força e da bala. E ainda debocham da questão ambiental que aflige o planeta. Aí a gente tem que contar com os que pensam para dar luzes ao obscurantismo. Tal como fizeram os enciclopedistas de então. E contar com novos enciclopedistas.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).