Nossa razão de ser

Mais um ano se foi e outro chegou. O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”, meu interlocutor de anos e eu continuamos aqui, no meio de um turbilhão de pensamentos que nos rodeiam, afligem e abespinham.

Querendo ou não, esta é uma hora para fazer a gente pensar na razão da nossa existência e o depois dela. É dentro de um algaravio de embustes e desinformações gerados por máquinas, algoritmos, inteligência artificial e ideologias extremistas que precisamos nos achar. Não somos máquinas que devam ser aperfeiçoadas, mas homens que gostam de rir e de chorar. Temos sentimentos, angústias e sonhos. Nosso coração não descansa e quer ser feliz mesmo depois de partir daqui. Ele segue Santo Agostinho: “Inquieto estará o nosso coração, enquanto não descansar em Ti, Senhor!”

É possível não nos perdermos no contexto de ódio e mentiras que se planta em plataformas e redes sociais. Há que ter consciência de quem somos e o que queremos, olhando para dentro e para além de nós. Qual é a visão de mundo que temos e que precisamos para nos precaver da insensatez?

Segundo filósofos, “Visão do Mundo” é o conjunto de idéias, valores e práticas pelos quais se aprende e compreende o mundo e a si mesmo, definindo o sagrado e o profano, bom e o mau, justo e injusto, verdadeiro e falso, possível e impossível, o contingente e o necessário.

Para viver bem agora e depois, se depois houver, há que ser bom, justo e verdadeiro. Então terei encontrado o sentido da vida e a razão de ser. Nem importam seitas e religiões que cobram dinheiro para garantir os céus e ainda condenam quem não segue suas regras e ritos. De minha parte, respeito ateus e agnósticos. Eles podem ser justos e bons, ainda que não creiam como eu, no Deus onipotente, onisciente, justo e bom que aprendi de berço. Quero respeito à dignidade das pessoas. Nossa liberdade não é ilimitada como querem os extremistas. Ela termina onde começa a do próximo. Minha visão de mundo crê na Democracia. Só ela respeita a dignidade do ser humano, seja ele da cor, opção sexual ou condição social que for. E é remédio contra as ditaduras.

Feliz Ano Novo a você leitor, com quem quis partilhar nossa razão de ser.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).