Wilian Marques,
No final do século XIX, David, um jovem americano de 16 anos, estava decidido a ganhar a vida em Nova York. Sua estratégia era vender enciclopédias de porta em porta. David enfrentava problemas, pois as donas de casa, seu público alvo, não lhe dava ouvidos, nem se quer o deixavam completar a oferta. Assim que abria a porta e viam os livros, já diziam logo um “Não, obrigada”.
Percebendo que havia algo de errado em sua estratégia, decidiu utilizar outra abordagem. Conversando com um amigo, dono de uma farmácia, David teve uma ideia interessante “e se eu der frascos com perfume, será que elas topam ver meus livros e ouvir o que tenho a dizer sobre as enciclopédias?”. Com a ajuda de seu amigo, David misturou diversos ingredientes até chegar a uma fragrância agradável, comprou frascos de vidro e saiu oferecendo amostras grátis dos perfumes em troca da atenção de seu público.
David logo percebeu que a nova estratégia havia dado certo, porém não como imaginou. As mulheres realmente prestavam mais atenção a ele, mas no final das contas o que elas queriam mesmo era comprar os frascos de perfume. E foi assim que David McConnel abandonou a venda de enciclopédias e criou a Avon, a primeira empresa de cosméticos com vendas de porta em porta do mundo. A comodidade de comprar sem sair de casa, aliada a popularização de produtos que até então eram destinados somente a classe mais abastada, se revelaram uma ideia bilionária. O objetivo de David era o mesmo: ganhar a vida em Nova York. O que mudou foram as estratégias utilizadas para o mesmo fim.
Agora imagine que você tenha decidido subir ao topo de uma determinada montanha. Começa a subida e você logo escorrega. Ah! Já fala mil palavrões. Tenta subir de novo, mas, novamente, escorrega. Então, não suportando o “fracasso” e acreditando que nunca conseguirá, muda de ideia e decide subir em uma árvore. Muito bem, uma árvore até que é legal, mas nunca ira proporcionar a vista que a montanha que escolheu iria lhe proporcionar. Chegando até a árvore escolhida a saga se repete. Diante do “fracasso”, novamente, a decisão parece obvia: mudar de objetivo.
Agora, imagine que na primeira escorregada, durante a subida na montanha, você observa os caminhos e decide subir por outro lado. Então, não conseguindo por outro caminho, decide, mais uma vez, mudar o caminho. Caso ainda não consiga alcançar o objetivo, você revisa o planejamento, revisa os equipamentos, muda os calçados, escolhe uma melhor condição climática para subir, alonga seu corpo, aquece, prepara cada músculo para a escalada. Ou seja, muda as estratégias que não estão dando certo e aprimora as que estão surtindo efeito. Em algum momento as coisas vão se encaixar e a estratégia perfeita vai levá-lo ao topo da montanha.
Mudar constantemente os objetivos é frustrante. Não há progresso. Você começa a caminhar em uma trilha e depois de alguns metros desiste e muda de trilha e assim por diante. Quando é que vai chegar a algum lugar? A progressão de poucos metros em muitos caminhos vai fazê-lo ter uma vida de desistências e nenhuma conquista. Vale mais a pena ter um objetivo e lutar por ele, escolher um caminho e utilizar todas as estratégias possíveis para chegar até o fim. Caso uma estratégia não esteja dando certo, mude, escolha outra e se essa também não der certo, mude novamente.
Que fique bem claro que não estou dizendo para ser um obstinado inconsequente. Alguém que escolhe, sem planejamento, sem método, sem conhecimento verdadeiro, um objetivo aleatório e sem sentido, inevitavelmente, irá se deparar com algo frustrante e desmotivador. O planejamento é a chave. Buscar o autoconhecimento e procurar definir metas louváveis e com significado faz com que encontre a sua montanha. Após isso, comece a subida. Certamente, ira escorregar várias vezes, mas cada escorregada é, na verdade, um aprendizado. Lembre-se: mude as estratégias, não o objetivo.
Wilian Marques,
Life Coach, Programador Neurolinguístico, Palestrante, hipnólogo e
Oficial do Corpo de Bombeiros